A indicação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para presidir o PSDB, fato a ser consumado na convenção do dia 9 de dezembro, foi a saída tucana para reduzir uma crise que teria, certamente, reflexos na própria jornada da legenda nas eleições de 2018. O enfrentamento entre o senador Tasso Jereissati e o governador Marconi Perillo, a despeito do discurso de pacificação de ambos os lados, deixaria sequelas, algo que o partido não quer nesse momento, quando se prepara para entrar em campo na tentativa de voltar ao comando do país. Como já há disputa para o cargo de vice-presidente do diretório nacional, ainda é incerto o discurso da unidade que tantos defendem, mas nem todos praticam. O governador terá também essa missão.
Mas o PSDB não é o único a começar a entrar no campo eleitoral. O PMDB ainda sonha com a reeleição de Michel Temer, embora esse tenha dito que seu mandato não terá continuidade a partir de 31 de dezembro de 2018. O DEM elabora um projeto que envolva o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e alguém com projeção nacional para levar sua bandeira adiante. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que tem percorrido o país em discussões econômicas e também religiosas a convite de igrejas evangélicas – ele esteve, inclusive, em Juiz de Fora -, está se colocando no páreo. Disse que gostaria de ter Maia e Temer como apoiadores de seu projeto.
O Partido dos Trabalhadores não tem dúvidas existenciais em torno do seu candidato, mas há a questão jurídica, que funciona como a espada de Dâmocles sobre a cabeça da legenda. A chapa ideal será encabeçada pelo ex-presidente Lula, mas, condenado pelo juiz Sérgio Moro, ele corre o risco de ter a sentença confirmada em segunda instância. E aí surge uma nova demanda: pode até disputar, mas o entendimento em vigor no cenário da Justiça aponta para prisão, quando os tribunais confirmam a decisão da primeira instância. E aí, desanda tudo, pois o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, nome in pectore do próprio Lula, tem resistências no universo petista.
A menos de um ano do pleito, ainda há questões importantes a serem definidas e que, certamente, terão forte influência no processo eleitoral. Uma delas é a reforma da Previdência. Todos os candidatos, cada um a seu modo, querem que o presidente Michel Temer descasque o abacaxi ainda em sua gestão, pois, a despeito de considerá-la necessária, não querem o desgaste da mudança. Como o peso das ruas define projetos, levar um tema desse para o palanque tem suas consequências.