Com duas edições diárias no rádio e na televisão, terminou nessa quinta-feira a campanha eleitoral gratuita já com vistas às eleições de domingo. Com duração bem menor do que em outros anos, mesmo assim foi o momento necessário para apresentação dos candidatos e de suas metas caso sejam bem-sucedidos nas urnas. Alguns temas foram recorrentes, mas ficou um passivo quando se tratou de questões fundamentais para a cidade e para a região.
O Estado publicou na edição do dia 29 deste mês mais um edital de início de obras dos hospitais regionais, mas o de Juiz de Fora ainda não teve o anúncio formalizado no Diário Oficial, e trata-se de uma demanda importante não apenas para a cidade, mas também para a região. Além de desafogar a demanda da rede pública, vai acolher pacientes das demais cidades da Zona da Mata. Com raras exceções, a maioria recorre a Juiz de Fora, já que nem todos os municípios são dotados de hospitais.
A face mais emblemática foi a fase mais aguda da pandemia do coronavírus, quando a rede hospitalar da cidade operou no limite diante de tantos pacientes de outras regiões e até mesmo de estados próximos, como o Rio de Janeiro.
Quando da sua concepção, em 2007, ainda no mandato tucano de Aécio Neves, os hospitais regionais foram apresentados como alternativa mais viável para mudar esse cenário. As obras, no entanto, entraram em modo de espera há pelo menos dez anos e ainda não foram concluídas. O governador Romeu Zema (Novo) disse que o dinheiro já está disponível em decorrência da indenização paga pela mineradora Vale do Rio Doce, responsabilizada pela tragédia de Brumadinho. Ontem, durante rápida passagem por Juiz de Fora, seu oponente mais próximo, Alexandre Kalil (PSD), também prometeu concluir a obra.
O juiz-forano, no entanto, ficou cético em torno do projeto, pois a sua conclusão já envolveu outros mandatos. Em 2012, o candidato Fernando Pimentel garantiu que iria concluir a obra, mas pouco avançou. O tempo tem sido a principal testemunha desse processo de espera.
O dinheiro da Vale, de fato, é um fator importante, pois é a principal garantia de implementação das obras. Por isso, espera-se que, com tais recursos, essa novela de muitos capítulos tenha um desfecho. A saúde deve ser prioridade de qualquer gestor, por implicações diretas e indiretas. Quando há estrutura para atendimento da população, o benefício é coletivo. O projeto inicial previa 226 leitos, 40 UTIs adulto e dez UTIs intermediárias.
Seja qual for o resultado das urnas, a conclusão de projetos é uma prioridade de qualquer mandato, a fim de quebrar uma velha e perversa tradição de solução de continuidade. Vários administradores atrasaram ou cancelaram projetos de antecessores sem medir as consequências para a comunidade. A prova material dessa leniência são os muitos esqueletos de obras paradas espalhados pelo país afora.