Os recentes números apresentados pelo jornalista e consultor Jorge Sanglard sobre a violência em Juiz de Fora, durante evento na Câmara Municipal, são emblemáticos e preocupantes. O número de ocorrências continua em ascensão, e, quando se estabiliza, isso ocorre em patamares desconfortáveis, isto é, no pico, em vez da necessária redução. Há pelo menos três anos, a curva dos crimes contra a vida não muda, passando dos cem casos por ano, algo impensável até bem pouco tempo. Juiz de Fora, como bem lembrou o pesquisador da USP Leandro Piquet Carneiro, já teve taxas uruguaias de violência, ou seja, entre as mais baixas do país.
É fato que o fenômeno não é exclusivo da cidade e nem suas principais causas são desconhecidas. Os municípios de médio porte estão herdando as mazelas das metrópoles sem que haja meios de reação. O crack, em particular, com seus números epidêmicos, é um dos indutores desse novo cenário, pois é consumido e negociado em larga escala.
Nos diversos fóruns de discussão, o enfrentamento às drogas tem sido o tema central, mas constata-se, também, que ainda não há uma fórmula definitiva para enfrentar o problema. Em Pernambuco, o Estado implantou o projeto “Pacto pela vida”; em São Paulo, está em curso o Plano de Ações Integradas da Polícia, enquanto no Rio de Janeiro as Unidades Pacificadoras são o mote principal para enfrentar o crime organizado.
Tais iniciativas são importantes, mas seus resultados ainda não dão a resposta de que a sociedade precisa, sobretudo pelo longo prazo de inação dos governos. É fato que nunca é tarde, mas os esforços para reversão do quadro serão redobrados.