Em sua passagem pela cidade, para proferir aula magna na Universidade Federal de Juiz de Fora, o ex-governador Ciro Gomes se apresentou como candidato à Presidência da República em 2018, desde que o PDT, seu partido, assim entenda. Esse dado é irrelevante, pois não há discussão contrária. O PDT criado por Leonel Brizola, em uma dissidência do PTB, voltaria aos palanques como um dos players da política nacional, o que só ocorreu quando teve o seu criador como candidato a presidente, em 1989. O ex-ministro da Fazenda na gestão Itamar Franco é um nome com projeção nacional e é titular de um discurso duro e rápido, próprio para incrementar o debate nacional, hoje preso, como ele mesmo destacou, a quem é e a quem não é corrupto.
De fato, o país, na campanha presidencial, precisa sair dessa armadilha, sob o risco de fazer um debate distante das principais demandas. Ser honesto não é virtude, o que, de pronto, exige que os pretendentes ao posto não precisem, sequer, apresentar tal “qualidade” no currículo. A economia está parada, e a política, ora em discussão no Congresso, é como uma biruta de aeroporto, isto é, a cada dia aponta para um lado, sem que os congressistas cheguem a um consenso sobre o melhor modelo.
Candidato ou não, Ciro Gomes afirma, com razão, que o país não pode ficar na dependência de temas que não passam pela sua gestão. O Ministério Público e a Polícia Federal estão fazendo o seu trabalho, o que já é suficiente para resolver a situação daqueles que, deliberadamente ou não, confundiram o público e o privado. A estes, a lei.
No mais, o desafio é retomar o crescimento, o que passa, necessariamente, por medidas duras, como reformas tributária e da Previdência, e garantir que as ações sejam despidas do viés demagógico, próprio dos momentos de instabilidade em que os salvadores da pátria se apresentam como única saída para o futuro.