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Novos desafios para os partidos e para os políticos

editorial
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A mensagem deixada pelos eleitores nas urnas de domingo (27) e do dia 6 de outubro não se prende apenas ao viés esquerda-direita que tomou parte das principais análises, ainda na noite de domingo, após a confirmação dos resultados. É fato que a manifestação do eleitor serve de alerta nesse sentido, mas ela aponta, também, para outros caminhos, a começar pelo papel desempenhado pelas duas principais lideranças políticas do país. O presidente Lula e seu antecessor Jair Bolsonaro receberam um aviso direto das ruas de que algo tem que mudar.

Indo por partes, a questão envolvendo os discursos de direita e de esquerda já tinha se apresentado no primeiro turno. O eleitor mostrou que o extremismo, seja de que lado for, não está encontrando guarida entre a maioria da população, que já se mostra cansada do ciclo de corda esticada que se estabeleceu nos últimos anos, quando relações foram rompidas, amigos apartados e parentes afastados da relação por conta do enfrentamento ideológico.

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A eleição de políticos de centro, de centro-direita e de centro-esquerda é o retrato claro desse movimento coletivo que deseja mais projetos, sobretudo na disputa municipal, quando as demandas se afloram. As tentativas de polarização e nacionalização deram resultado aquém do esperado por conta da postura de eleitores e eleitoras que querem algo mais do que esse cenário maniqueísta.

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Ficou claro, portanto, que os partidos precisam mudar o discurso e adaptá-lo aos novos tempos. O velho modelo está perdendo espaço, sobretudo ante a fluidez do mundo digital. A esquerda, principalmente, ainda não aprendeu a conversar com esse segmento, enquanto a direita, agora, percebe que é possível – e tem tido mais sucesso -, sem necessidade de levar o discurso ao seu extremo.

Quando foi proposta uma reforma política profunda, os partidos rejeitaram a ideia ante a possibilidade de perder privilégios, como o fundo partido e o fundo eleitoral. O resultado das urnas mostrou que tanto as emendas quanto os recursos foram estratégicos, sobretudo para os políticos que buscaram a reeleição. Se nada for feito, em 2026, a renovação nos parlamentos também será mínima, uma vez que os detentores de mandato terão meios de garantir sólida campanha.

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Ao fim e ao cabo, como mostrou o cientista político Rubem Barboza (lei nota no Painel ao lado), o sistema político perdeu a mão. No seu entendimento, o eleitor não usou a régua da direita ou da esquerda para votar, e sim o descontrole que permeia o debate político aguçado pelas redes sociais, que são um território sem controle.

Há outras lições, mas essas são suficientes para que sejam feitas reflexões sobre o futuro. E quando se fala sobre o futuro há uma clara constatação de que as lideranças não prepararam a mudança de guarda. Com raras exceções, são poucos os nomes que despontam no cenário político em condições de apontar os novos rumos. A velha política, na qual em havendo pouca farinha, meu pirão é o primeiro, ainda resiste, bastando acompanhar a discussão sobre a sucessão na Câmara Federal. O novo presidente é cobiçado por todos os lados ante a força do cargo, que hoje controla um orçamento capaz de fazer frente a governos e suficiente para anabolizar projetos eleitorais, como foi mostrado no pleito fechado nesse domingo.

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