O presidente Michel Temer convocou várias instâncias de poder para iniciar um debate profundo sobre a segurança pública. Como jurista, conhece a lei e sabe que, no atual quadro, a inação oficial poderá trazer consequências graves para o país. Os números são claros. O 10º Anuário Brasileiro da Segurança Pública, a ser oficialmente divulgado na semana que vem, revela que, só em 2015, foram assassinadas 58.383 pessoas, uma média de um assassinato a cada nove minutos, ou 160 por dia. Entre 2011 e 2015, foram mortas 278.838 pessoas, mais do que na Síria, onde a guerra matou 256.125 habitantes.
Os números brasileiros, pois, são de guerra, o que exige, de pronto, uma reação imediata do Estado, sob o risco de, em não agindo, ampliar ainda mais estas estatísticas. Em Juiz de Fora, os números mais recentes indicam que já ocorreram, só este ano, 125 homicídios. A cada ano, essa conta sobe, fruto de enfrentamentos de galeras, tráfico de drogas e controle de território. No meio desse fogo cruzado, a população se sente acuada, praticando a exclusão às avessas ao buscar espaços fechados, com segurança armada, em vez de ter as ruas como seu domínio permanente.
A campanha eleitoral registrou momentos de discussão sobre a segurança pública, e a Câmara terá, a partir do ano que vem, alguns personagens que lidaram diariamente com a questão, como uma delegada, um policial militar e vereadores que conhecem o tema por questão de ofício. Embora a discussão seja de amplitude nacional, como pretende o presidente Temer ao convocar representantes das mais distintas instâncias, há espaço para a cidade abordar o tema, pois é no município onde as coisas acontecem.
É preciso cobrar ações não apenas de viés social e preventivo mas também de segurança objetiva, a começar pelos efetivos das polícias Civil e Militar, cada vez mais desidratados. As vagas anunciadas estão sempre aquém da necessidade, algo que precisa entrar na agenda dos deputados estaduais, a quem cabe, por mandato, dialogar com o Governo em Belo Horizonte.