Ao participar da reunião do Fórum das Ilhas do Pacífico, na última terça-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, emitiu um alerta global sobre os efeitos das mudanças climáticas nos mares e nas populações litorâneas do Oceano Pacífico – cujos países membros estão entre os mais ameaçados por elevação do nível das águas. “Estou em Tonga para emitir um SOS Global (Save Ours Seas) sobre o aumento do nível do mar”, enfatizou.
O secretário classifica tal possibilidade como uma catástrofe mundial, uma vez que o Pacífico pode ser o primeiro, mas não o único oceano a passar pelo mesmo fenômeno. O Atlântico também registra tal possibilidade com incidência direta em cidades brasileiras, a começar pelo Rio de Janeiro, onde o mar já subiu mais de vinte centímetros nas últimas décadas.
Se nada for feito, as regiões oceânicas estão fadadas a desaparecer e, no longo prazo, países inteiros serão encobertos pelas águas. Guterres tratou do tema e advertiu, com razão, que não é um simples alerta. Trata-se de uma convocação para que medidas reais sejam tomadas.
Seu discurso é focado na velha discussão sobre o aquecimento global. O nível das águas sobe em razão de seu aquecimento que se reflete no derretimento de geleiras do Ártico e da Antártida. Gigantescos blocos, maiores do que estados, estão se descolando dos polos e as consequências são gravíssimas.
Desde os primeiros sintomas, os ambientalistas têm alertado aos governos para a tomada de providências. Seus clamores foram em vão e continuam sendo ignorados a despeito de tantas evidências. Os fóruns mais recentes indicaram que a natureza está reagindo com maior velocidade e ficou constatado que o aquecimento é a razão principal.
Secas intensas em algumas regiões em contraste com tempestades avassaladores são a face mais explícita desse fenômeno. No Brasil, os termômetros devem chegar aos 40 graus no Mato Grosso, enquanto o Sul continua com temperaturas perto de zero grau. Tudo isso na etapa final do inverno.
E mais, a Amazônia continua em chamas e no resto do país as queimadas são fruto da intensa seca. O Rio Grande do Sul ainda faz conta da tragédia das águas de maio e o verão de 2025 tende a ser mais preocupante.
Os alertas não se esgotam no país. Pelo mundo afora é possível registrar o mesmo cenário no qual rios caudalosos sequer chegam ao mar ante a seca em seu curso.
Enquanto isso, o candidato à presidência dos Estados Unidos Donald Trump requentou o discurso de aumentar a produção de combustível fóssil para atender a demanda da indústria. Tem seguidores em várias partes do país, muitos deles descompromissados com o futuro.
Trata-se de algo grave, pois a questão ambiental envolve todas as instâncias. Do processo de coleta de lixo nas cidades até a criação de novas fontes energéticas pelos governos dos estados e federal, os fatos estão encadeados. Por isso, até mesmo na disputa municipal, ora em curso, há espaço para discutir o tema. Afinal, todos estamos no mesmo barco.