Das 5.684 ligações feitas no ano passado para o Disque-Denúncia Unificado, mais de três mil foram relativas ao comércio de drogas. Esses dados, levantados pelo repórter Marcos Araújo e destacados pela Tribuna, são emblemáticos, pois indicam que a comunidade tem a percepção exata das consequências do uso e da venda das drogas. O tráfico é a matriz da maioria dos crimes, principalmente os mais graves, contra o patrimônio e os homicídios.
Para obter a droga, o dependente não mede consequências e cai no crime de furto ou roubo para fazer dinheiro, mas sua ação inicial é dentro da própria casa, vendendo móveis e utensílios. Esse é o drama de milhares de famílias que vivem essa situação no seu cotidiano sem saber o que fazer. Quando seca essa fonte, o autor parte para ações externas pela vizinhança e, finalmente, em qualquer ponto de acordo com a oportunidade.
No caso dos homicídios, a motivação envolve, principalmente, o controle de território. Os grupos se enfrentam e acabam provocando o enfrentamento que culmina com mortes de ambos os lados. Mas há, ainda, o dano colateral, sobretudo quando pessoas inocentes se veem na linha de tiro desses conflitos.
Quando quase seis mil ligações chegam à polícia denunciando o crime, a sociedade está dizendo que precisa do Estado para tomar as providências, o que nem sempre acontece. As polícias de modo geral – a de Minas inclusive – encontram-se em situação precária, especialmente a Civil, a quem cabe a investigação e a instauração de inquéritos. Faltam equipamentos e pessoal. Mesmo as contratações são aquém das expectativas, pois são menores do que o número de agentes que se aposentam.
Não é à toa, portanto, que a Segurança Pública ocupa o topo da lista de preocupações da população ao lado da Saúde, por conta do cenário de guerra que marca as metrópoles, principalmente, onde os grupos de enfrentamento ampliam cada vez mais suas ações. Além disso, o pacato interior já não é mais o mesmo. Com a chegada das drogas, a velha paz acabou.