A saúde mental não pode ser negligenciada, sob o risco de produzir danos irreversíveis. Um estudo realizado pela Fiocruz Bahia, em parceria com a Universidade de Harvard, indicou que crianças, adolescentes e jovens com baixa renda, vítimas de violência, têm cinco vezes mais risco de precisar de uma internação psiquiátrica. Quando são analisadas apenas crianças, o risco aumenta para sete vezes. A matéria completa está disponível na Agência Brasil.
O estudo utilizou dados do Sistema de Informações Hospitalares, referentes a internações voluntárias ou não, e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. No Brasil, desde 2011, os serviços de saúde são obrigados a notificar todos os casos de pacientes que sofreram alguma violência física – de caráter sexual ou não – ou psicológica.
A discussão envolvendo a saúde mental avançou, mas ainda há pontos a serem ampliados, por se tratar de um problema cujas dimensões ainda são subavaliadas. O levantamento colocado em questão pela pesquisadora associada ao Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fiocruz, Lidiane Toledo, discute um dos aspectos da questão mental, mas há outros que também devem ser colocados à mesa.
O excesso de uso de tela, especialmente de celulares, também deve ganhar prioridade ante as consequências, que afetam, especialmente, crianças e adolescentes. Há casos de repercussão extrema em atentados ou atos consumados contra a própria vida.
Na semana passada, a Tribuna mostrou o projeto da jornalista Sabrina Passos Cimeti e da médica Carolinne Santin Dal Ri, ambas do Rio Grande do Sul, que discute mecanismos de proteção desses personagens. Conectados & Protegidos aponta para a relevância de pais ou responsáveis no controle do uso dos aparelhos. Somando-se à pesquisa, fica claro que esses personagens também são vitais quando se trata de atos de violência contra crianças que acabam internadas em espaços psiquiátricos.
Por ação (a violência) ou por omissão (em não controlar o uso dos celulares), pais e responsáveis são peça vital para a redução de danos. E não é uma tarefa fácil, uma vez que esses mesmos adultos também estão conectados basicamente em tempo integral. O celular tornou-se uma ferramenta para além do trabalho ou da comunicação. Está também no lazer, na busca de informação e nas conversas, que antes eram presenciais e foram substituídas pelo “papo digital”.
Nesses espaços, porém, especialmente nas redes sociais, o que é mostrado nem sempre bate com a realidade. E, num cenário artificial, quando há o confronto com o mundo real, os transtornos ficam aflorados.
Não há, pois, espaço para omissão, uma vez que, ao fim e ao cabo, o problema é coletivo, não se situando apenas em determinado estrato social. Como ninguém está imune, é vital que todos atuem na busca de soluções.