O calor extremo que afeta o Hemisfério Norte tem sido pauta para uma série de eventos e artigos envolvendo as mudanças climáticas a despeito dos poucos avanços para tal questão. O jornal “O Globo” revela, na edição dessa quinta-feira, detalhes de um estudo dinamarquês no qual é destacado que o mecanismo que controla o transporte de calor quase em escala planetária está ameaçado pelo efeito das emissões de gases de efeito estufa. Isso implica que a chamada circulação meridional do Atlântico entrará em colapso nas próximas décadas se não houver redução das emissões. Os pesquisadores estabeleceram até uma data: 2057.
Outros cientistas afirmam que não há dados suficientes para esperar o colapso, mas a discussão é apenas em torno do quando vai acontecer, uma vez que todos estão convencidos de que em algum momento o efeito estufa trará danos irreversíveis para o planeta, colocando em risco a própria presença humana.
O preocupante desse processo é a omissão dos governos nacionais na implementação de políticas que reduzam a emissão de gases. A Revista “Carta Capital”, em recente publicação, destaca que as emissões de CO2 das energias fósseis aumentaram 0,9% em 2022 e atingiram um nível recorde. Por ironia, os números, mesmo assim, foram menores do que o esperado graças às energias verdes que compensaram parcialmente a maior demanda de petróleo e carvão.
Os investimentos na energia verde ainda estão abaixo das necessidades do planeta, sobretudo nos países, paradoxalmente, do primeiro mundo. Estados Unidos e China continuam sendo os maiores emissores, seguidos por Índia e até mesmo o Brasil. Trata-se de um cenário pouco animador.
Mesmo sabendo que o petróleo está fadado a acabar, o seu uso continua sendo comum pelo mundo afora a despeito de outras matrizes que poderiam ser mais bem exploradas. As usinas térmicas não são o melhor caminho, por conta da emissão de gases na mesma proporção.
O estudo dos pesquisadores da Dinamarca deveria ser impactante por ser um dado real. O verão europeu tem sido um dos mais intensos, com temperaturas se aproximando da casa dos 50º, algo inimaginável há algumas décadas. O inverno, por seu turno, está cada vez mais tímido, mas traz consigo secas de grande magnitude. O Uruguai, como já foi dito neste mesmo espaço, tem regiões em que até a água potável já registra níveis de sal acima da média, ficando impraticáveis para o consumo, mas é na África onde a situação é mais grave. O continente tem diversas regiões com secas intensas pagando uma conta provocada pelo primeiro mundo.
A Organização das Nações Unidas (ONU) tem a posse de diversos estudos apontando para os riscos climáticos, mas ainda é incapaz de convencer seus afiliados a uma mudança de rumos. O tempo passa, e há uma perversa possibilidade de o planeta chegar a um ponto de não retorno.