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Efeitos de 2022

editorial
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Na edição do último domingo, o jornal “Folha de S. Paulo” destacou a preocupação de grupos que monitoram as eleições com a repetição do que aconteceu em 2022, a começar pelo ceticismo sobre as urnas, além de violência política e contestação dos resultados. Entidades como o Pacto pela Democracia (formada por 200 organizações), Transparência Eleitoral Brasil e Politize apontam problemas e gargalos que precisam ser avaliados com bastante acuidade.

A preocupação é pertinente, uma vez que, a despeito de a eleição ser municipal, na qual o eleitor fica mais atento às demandas de sua região, há fortes ações para nacionalizar o pleito e implementar a polarização. Os discursos que já estão em curso são claros em registrar essa tendência. Estão disponíveis, especialmente, nas redes sociais.
Nas metrópoles, especialmente Rio, São Paulo e Belo Horizonte, os atores já estão definidos e instalados nas suas devidas trincheiras. Na cenário paulistano, o ex-presidente Jair Bolsonaro vai apoiar o prefeito Ricardo Nunes, e o presidente Lula estará no palanque de Guilherme Boulos. É uma prévia do que pode ocorrer em 2026.

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As entidades destacam, porém, que o atual cenário ainda é ameno, já que a campanha ainda não começou oficialmente, o que está previsto para o segundo semestre, a partir das convenções. Sua preocupação tem como foco principal o resultado das eleições, temendo que os derrotados repitam a estratégia de Bolsonaro de questionar a qualidade das urnas.

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A Folha apresentou recente pesquisa da Quaest, entre os dias 2 e 6 de maio, na qual 35% dos brasileiros concordam que as urnas foram fraudadas em 2022 para favorecer Lula. No entanto 56% dos entrevistados discordaram dessa afirmação, e apenas 1% não opinou. O dado é relevante, por apontar que a maioria da população não acolheu a tese, mas haverá insistência, pois 35% ainda encampam essa tese.

A melhor estratégia para levar a eleição para o seu eixo é implementar discussões que foquem necessariamente as pautas municipais, sobretudo por despertarem mais interesse dos eleitores. A divisão é um fato, mas os problemas das cidades chamam a atenção, pois cabe ao gestor municipal a sua solução.

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Em Juiz de Fora não é diferente. A prefeita Margarida Salomão (PT) é o adversário a ser enfrentado, e vai depender dos demais candidatos definir qual estratégia pretendem implementar. Por enquanto, somente o ex-deputado Charlles Evangelista (PL) adota um discurso voltado para a pauta nacional, mas é apenas o início da jornada.
Pesquisas são importantes para definir esse discurso. Como os candidatos se movem de acordo com os dados, estes serão importantes para definir o andamento da campanha. Ao eleitor, portanto, cabe atenção para avaliar as propostas que lhe serão apresentadas: se são factíveis ou não e se, de fato, são baseadas em dados reais, sem qualquer influência de fake news.

A nacionalização será um fato, mas quem se prender exclusivamente a essa agenda corre o risco de ser cobrado pelo eleitor em torno dos assuntos municipais. Mas não há problemas desde que, mesmo com foco nos assuntos fora da agenda municipal, se adote uma campanha marcada pelo enfrentamento de ideias, que faz parte da democracia, se elaborado dentro dos limites previstos pela legislação.

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