O lançamento do editorial para contratação de empresa especializada para execução da primeira fase de requalificação da BR-440 é o passo principal de um projeto que há anos carece de conclusão. Desde a sua paralisação, a via entrou em processo de deterioração, salvo medidas pontuais, mas sem uma definição de seu objetivo.
A concepção original, ainda no início dos anos 1980, previa uma via de ligação entre a BR-040 e a BR-267, esta representada na área urbana pela margem esquerda da Avenida Brasil, na altura do Bairro Santa Terezinha. Ela passaria pelos bairros Casablanca, Borboleta, Vale do Ipê e Democratas, chegando até a Avenida Rui Barbosa, mas o próprio tempo se encarregou de matar essa possibilidade em razão do adensamento da região.
Pelo projeto atual, o ponto final será na entrada do Bairro Casablanca, o que ainda é um avanço, pois será possível contemplar a principal demanda da Cidade Alta: a mobilidade. A Avenida Costa e Silva tornou-se o corredor principal e, diante do aumento do número de bairros e condomínios na região, tornou-se inviável, sobretudo nos horários de maior volume de tráfego.
A Municipalização pelo prazo de 30 anos terá meios para mudar o cenário da região. Pelo projeto mostrado pela repórter Sandra Zanela, na edição dessa terça-feira, mesmo na fase inicial, serão feitas mudanças importantes, como o fim da mão inglesa, que confunde especialmente quem não tem o hábito de passar pela Cidade Alta, e construção de ciclovias. Hoje, por ser uma área de lazer, um expressivo número de ciclistas usa a rodovia, mas sempre sob a perspectiva de risco por dividir a pista com os automóveis. Um jovem ciclista morreu ao ser atropelado por um carro.
É fato que se espera a complementação da via até a Represa de São Pedro, prestes a se transformar num próprio municipal com sua transformação em um parque público. Mesmo se não houver a conexão com a BR-040, será possível criar um importante espaço de lazer, com serviços que já estão previstos nesta etapa inicial.
Quando apresentou suas ideias, o então prefeito Mello Reis tinha como foco a ligação com a Cidade Alta, mas o tempo pode levar a mudanças importantes para uma via que hoje é mais um estorvo do que uma solução. Além de ser um importante modal de desafogo da Costa e Silva, pode ganhar novas vocações, muitas delas já apresentadas no projeto inicial.
Ademais, áreas de lazer em regiões de alto adensamento, como a Cidade Alta, têm impacto significativo na qualidade de vida dos moradores. Em Juiz de Fora, foi identificado que a região central, que é a menor área residencial, concentra 28% dos espaços públicos de lazer, enquanto outras áreas têm muito menos espaços disponíveis, refletindo uma divisão sócio-espacial na cidade.
O que está sendo projetado para a Cidade Alta é um avanço não só em termos de mobilidade, mas também de garantia de ações que levem a uma distribuição equitativa desses espaços, para garantir que todos os residentes possam desfrutar dos seus benefícios.