Às vésperas do Carnaval 2019, Juiz de Fora terá que começar a pensar o seu Carnaval 2020. Isso porque, neste ano, faltaram diálogo, dinheiro e, principalmente, planejamento e trabalho. Com isso, mais uma vez, a cidade não terá escolas de samba na rua, nem foliões, já que a maioria dos blocos já desfilou, e alguns nem sequer isso fizeram, porque foram cancelados diante da improvisação com que a maior festa popular do país vem sendo tratada no município.
Sem apontar culpados, é preciso lembrar que o evento não é responsabilidade única do Poder Público, mas ele deve ter a incumbência de estimular o setor privado, chamando para conversa, criando projetos, planos e alternativas para que a festa aconteça. Obviamente que não se pode desistir na primeira barreira encontrada. Afinal, carnaval não pode ser deixado para segundo plano. Do contrário, a população acabará entendendo aquilo que era uma festa, uma tradição, uma manifestação cultural como algo que só causa medo (diante da aglomeração de pessoas) e discórdia, já que as questões relacionadas à insegurança pública e à perturbação do sossego vêm se sobrepondo às demais no município.
É bom lembrar que há milhares de interessados no evento, porque, com ele, ganha a cultura, ganha o povo e também ganham inúmeros setores, entre eles comércio, hotelaria, setor cervejeiro, confecções, adereços e, em última instância, o de geração de empregos, proporcionando que a folia se movimente. Ganha também o cidadão, aquele que passa a maioria dos seus dias trabalhando e vê, nestes momentos, um alívio para recarregar as baterias e retomar a rotina do ano que, para muitos, só começa depois da Festa da Carne.
No entanto, em debate ocorrido nesta semana na Rádio CBN Juiz de Fora e em reportagens nesta Tribuna, houve, por parte do Poder Público, um compromisso de abrir mais diálogo com os foliões e os blocos para que a festa volte a acontecer de forma mais organizada e verdadeiramente popular em Juiz de Fora. É preciso, porém, que o compromisso não fique apenas na “promessa de carnaval”. O primeiro passo, também debatido na CBN, é que a
Comissão de Carnaval não tenha apenas representantes da Funalfa, das secretarias da Prefeitura e dos órgãos de segurança pública, mas que possua representação dos blocos e de outras manifestações populares para que todos tenham voz. Quem sabe até empresários que futuramente possam se interessar em gerir a festa e se disponham mais a patrocinar o evento se conhecerem as ideias, já que, até aqui, não houve avanço em negociações com a iniciativa privada.
Um planejamento mais concreto é importante, com mais meses de estudo e mais interesse e trabalho. Esse diálogo e muito trabalho podem ser a esperança para que Juiz de Fora volte a ter um dos melhores carnavais do país. Mas, para isso, como nos ensina a marchinha de carnaval, vamos torcer para que até o Carnaval 2020 “ninguém durma no ponto”. Se isso acontecer, corre o risco de o juiz-forano passar os dias de folia lamentando e lembrando de outra marchinha, já que ele não terá lugar para se divertir: “Tomara que chova três dias sem parar…”.