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Gênesis do crime

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A onda de violência que atinge o país, obrigando as instâncias de poder a, pelo menos, discutirem o tema, não é fruto de causas isoladas, mas é possível detectar várias razões que conduzem os jovens e adolescentes – especialmente estes – a um mundo que lhes é dado desde cedo, no qual se sentem confortáveis pelo pertencimento e pela identidade que recebem no grupo. Infelizmente, não é o Estado formal que faz esse acolhimento. Nesta edição, a Tribuna mostra várias pontas desse perverso enredo, que, se somadas, formam o caldo de cultura que se explicita nas ruas com um expressivo volume de ocorrências. O número de homicídios no país supera dados de guerras formais, como foi possível verificar no último mapa da violência.

O estudo conduzido pela professora Helena Barbosa Lima e as observações do também professor Wedem Alves, além das considerações de um anônimo mestre escolar, são emblemáticos para iniciar uma compreensão sobre o tema. Como eles próprios enfatizam, há outras causas, mas fica claro que a falta do Estado e da família é um ponto recorrente em todas as avaliações. O primeiro, por não dar estrutura às comunidades para implantação de políticas comunitárias. A família, por não ter o afeto como referência nas relações. Tal desestruturação é atávica, perpassando várias gerações.

Diagnósticos como estes dificilmente entram na agenda dos atores políticos, que ficam basicamente no moto contínuo de repressão e prevenção, sem se aprofundarem nas causas. E é este, provavelmente, um dos pontos frágeis da questão. Enquanto não se sentarem à mesma mesa estudiosos de tal naipe e os próprios agentes públicos, sobretudo da segurança, a discussão ficará idêntica ao cachorro correndo atrás do rabo, isto é, sem encontrar um desfecho.

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