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VIÉS PEDAGÓGICO

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A proposta do MEC ao definir a violência contra a mulher como tema da redação do Enem deste ano tem um viés pedagógico, pois coloca em pauta um tema presente no cotidiano das ruas, mas pouco afeito às discussões. Ademais, não se trata apenas da violência tipificada na Lei Maria da Penha mas também daquela forjada no preconceito e no machismo ainda enraizado em diversas instâncias. Um relatório divulgado no fim de semana apontou que, até nas agências de publicidade, um espaço típico de criação, são reproduzidos comportamentos mostrados nas propagandas, especialmente de cerveja, nos quais a mulher é retratada, com frequência, como um objeto, próprio para atrair atenção dos consumidores.

Os sete milhões de candidatos foram induzidos a discutir uma questão que deveria estar inserida no debate diário, mas que se faz ausente pelos próprios números. As mulheres continuam sendo vítimas de violência física ou psicológica, além de serem submetidas a situações distintas na hora da remuneração, mesmo exercendo funções semelhantes. Mas há também o outro lado: ao colocar o tema em pauta, abre-se espaço para a discussão sobre o comportamento feminino que faz do apelo sexual uma arma para obter vantagens.

A redação deve ser, além de um fator para o desenvolvimento de ideias, um momento para o candidato mostrar seu raciocínio e indicar sua aptidão para lidar com o novo cenário que se apresenta durante e depois da vida acadêmica. O tema do Enem, a despeito das críticas dos deputados Jair Bolsonaro e Marco Feliciano, serve para jogar luzes num tema cotidiano, mas hermético e mal elaborado em alguns segmentos.

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