Ícone do site Tribuna de Minas

Caminhos da informação

PUBLICIDADE

A quebra de sigilo de diversos atores da República – inclusive do presidente Jair Bolsonaro – por um hacker é um dado emblemático dos novos tempos. Se antes o acesso à informação era precário e chegar aos detalhes de conversas privadas, uma ação quase impossível, o avanço tecnológico mostra uma nova realidade. Tanto as políticas de proteção quanto as invasões encontram-se em novo patamar, e o acesso é mais fácil quando não há cuidado no uso dos equipamentos. O ex-presidente Tancredo Neves se recusava a falar ao telefone, que, para ele, servia apenas para marcar encontros. Conversar, especialmente sobre política, jamais.

Ainda não se sabe a extensão das invasões, mas os primeiros dados apontam que os três poderes foram expostos. O ministro Sérgio Moro tem dito que o conteúdo será destruído, o que não deve ser o melhor caminho, pois tal atitude indica que se pretende esconder alguma coisa. Os dados devem ser preservados para apuração de eventuais ilícitos, mas sob o sigilo que deve marcar esse tipo de comunicação, com liberação apenas sob ordem judicial ou pelas próprias partes.

As consequências do vazamento vão além do fato em si, indicando não apenas para a necessidade de cuidado no uso das redes sociais, mas também do que se trata. O presidente Jair Bolsonaro, ao falar sobre o acesso ao seu telefone, disse que nada será encontrado, pois ações de Governo não são discutidas por esse meio. Faz bem, o que deveria ser seguido por outros atores do poder, mas também pelo simples cidadão.

PUBLICIDADE

As redes sociais são um show de exposição, e as publicações nem sempre ficam entre amigos; há sempre a possibilidade de os dados serem levados para outros caminhos. No mundo digital, a privacidade tornou-se algo raso, tendo como melhor antídoto o zelo com o que se fala ou se escreve. Os diálogos entre o ministro Sérgio Moro e procuradores que atuaram na Lava Jato ganharam relevância não apenas pelo conteúdo, mas também pelo pouco caso que tiveram com o sigilo. A luz amarela, agora, acendeu para todo mundo.

 

Sair da versão mobile