O Governo do presidente Michel Temer, a despeito de falar grosso, na última sexta-feira, quando decretou a ação das forças federais para liberar as rodovias, mostrou-se frágil e lento em suas decisões. A greve dos caminhoneiros começou no início da semana e a reação oficial só ocorreu a partir da noite de quinta-feira, quando a categoria foi chamada para fazer um acordo. Enquanto isso, o Congresso, que deveria ter uma ação proativa nesse momento, dedicou-se a discursos pontuais, com a maioria de seus membros olhando para o próprio umbigo e dando curso às andanças pelos estados em busca de acordos eleitorais. As propostas, como redução do ICMS, soaram mirabolantes, pois seu resultado seria o que se chama de cobertor peleja: cobre-se a cabeça, mas descobrem-se os pés, isto é, ajudaria a União a resolver seu problema passando a conta para os estados, ora quebrados e sem meios de arcar com novos compromissos.
A equipe do presidente da República titubeou em suas ações, dando força aos movimentos de paralisação que saíram falando grosso do Planalto e sem unanimidade. Chamar as Forças Federais foi um recurso extremo que poderia ter sido evitado se Brasília tivesse avaliado a extensão do problema e agido na hora certa. O que se viu foi um modelo de pato manco, no qual o mandato é exercido sem consonância com as ruas e com aval mínimo do parlamento.
O dia seguinte será emblemático para aguçar o debate, uma vez que os pré-candidatos à Presidência, salvo raríssimas exceções, também colocaram a viola no saco e não se pronunciaram. O máximo que se ouviu foram críticas ao atual mandatário, no fácil exercício da arquibancada, no qual a crítica nem sempre é acompanhada de soluções.