É louvável a implementação de encontros como o que foi promovido pela Associação de Motoboys, Motogirls e Entregadores de Juiz de Fora (Ammejuf) em parceria com o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) da Prefeitura de Juiz de Fora, para discussões em torno dos acidentes de trabalho. Conversar sobre isso é importante não só para a categoria como também para os demais usuários do sistema – motoristas e pedestres.
O trânsito nas metrópoles tornou-se um desafio diário para os usuários ante o crescimento do número de veículos, iniciado ainda no final do século XX, com o advento do Real e o aquecimento da economia. Por ser um instrumento mais ágil na mobilidade urbana, as vendas de motos multiplicaram, com reflexo imediato nas ruas.
Discutir essa convivência tornou-se, pois, um fator relevante para a redução dos acidentes, nos quais motoboys e motogirls têm expressiva participação sobretudo como vítimas, já que a proteção, a despeito dos equipamentos, é precária. As causas são muitas, e o tema é importante, para garantir o exercício do necessário trabalho da categoria sem se expor a riscos ou aos demais ante imprudências, muitas delas induzidas pelos prazos de entrega.
Cidades como São Paulo já adotam uma pista exclusiva para motos por conta da demanda, mas trata-se de uma alternativa restrita somente aos grandes corredores. Em Juiz de Fora, chegou a se discutir o estabelecimento de pontos nos semáforos exclusivos para motos, mas para seu sucesso é fundamental que todos tenham consciência dos espaços, sobretudo nos horários de pico, quando o número de veículos aumenta expressivamente.
As discussões, no entanto, devem ser estendidas também aos usuários de bicicletas, que convivem com o trânsito sem uma ciclovia que os abrigue. A Avenida Rio Branco tem sinalização advertindo para a sua presença, mas tal informação – o que é possível verificar em todos os horários – é praticamente ignorada pelos usuários de automotivos. Com isso, cria-se uma linha de tensão quando se vê pela frente um ciclista se espremendo nos passeios para cumprir a sua rota. A qualquer descuido, há a possibilidade de um acidente.
Como já foi dito por mais de uma vez neste mesmo espaço, a mobilidade urbana é um dos principais desafios das administrações públicas. São problemas de difícil solução, sobretudo pelo aumento da frota em confronto com o número de ruas e avenidas.
Cidades europeias estão restringindo o trânsito em suas áreas centrais, como é o caso de Lisboa, que inaugura essa modalidade esta semana. Trata-se de uma alternativa para garantir ao pedestre o uso sem riscos das vias e, ao mesmo tempo, acentuar as políticas ambientais em torno da redução da emissão de gases.
A realidade brasileira passa longe disso, mas faz sentido a discussão, sobretudo para priorizar o transporte público, com a redução do número de automóveis. A qualidade desse serviço, no entanto, tem forte apelo nessa questão. E aí é outra pauta.