O decreto publicado no Diário Oficial do Estado (Minas Gerais), que determina a criação do Parque Estadual do Krambeck – cuja implementação ainda depende do pagamento de indenização ao proprietário -, deve ser visto como um projeto para proteger, e não para colocar em xeque um dos mais importantes biomas da cidade. Na edição dessa terça-feira, a Tribuna destacou o tema e revelou a sua importância. É fundamental que o espaço, a despeito de dar margem à visitação pública, seja preservado.
Trata-se de uma região singular em Juiz de Fora. No Podcast “Corpo a Corpo”, dedicado à história da região, disponível no Spotify da Tribuna, as repórteres Nayara Zanetti e Mariana Floriano, que também assinaram a matéria de ontem, desvendaram mistérios do local, que até então esteve fechado à visitação, “e reforçaram a importância da preservação do maior remanescente da Mata Atlântica em Juiz de Fora”. Os relatos impressionam, sobretudo por conta de lendas que, se não foram confirmadas, também não foram desmentidas.
A criação do parque estadual é um presente para a comunidade da cidade e da região, pela recuperação de espaços importantes. Próximo ao local já está o Jardim Botânico, outro local de preservação da fauna e da flora, que durante muito tempo esteve distante do olhar da população.
Como bem destacam os ambientalistas, dividir as belezas com o público é um ponto importante, até mesmo para a compreensão coletiva sobre a importância do cuidado com tais espaços. A depredação ocorre exatamente quando não há esse compartilhamento, uma vez que os predadores atuam sem qualquer norma que impeça suas ações.
A Mata do Krambeck tem também importância vital na formatação do clima da cidade. Um expressivo número de metrópoles pelo mundo afora carece de matas e florestas e, por consequência, pagam a conta com o descontrole do clima e problemas na qualidade do ar, cada vez mais comprometida pelo aumento da frota automotiva.
Mais do que isso, rios e lagos são frutos de regiões como esta, daí a importância de fazer do local uma referência para outras áreas que carecem de proteção. Recentemente, o Comitê da Bacia dos Rios Preto e Paraibuna alertou para a ocupação desordenada das margens dos mananciais. São questões interligadas que precisam ser levadas a sério.
A política de proteção do clima é feita por grandes e pequenas ações. Por isso, matas, lagos e rios fazem parte de um grande pacote que precisa de políticas públicas permanentes, uma vez que a natureza, ao curso das últimas décadas, tem dado sinais de problemas. Chuvas e secas em demasia, calor e frio nos extremos são resultado de ações e inações humanas. Não há espaço para dúvidas.