O presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia, disse que o país precisa tocar uma agenda econômica, após a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer. No seu entendimento, não há mais espaço para outras discussões, uma vez que é preciso ir adiante. O comentário ocorreu antes da sessão de quarta-feira, o que reforça a preocupação do parlamentar com o futuro. E não há outra alternativa. Enquanto base e oposição se digladiam para marcar território, há pontos a serem enfrentados ainda na atual gestão que não podem esperar a mudança de presidente a partir de 2019.
Já houve avanços com algumas reformas, mas o passivo de demandas que precisam ser superadas ainda é expressivo, a começar por questões vitais como a reforma da Previdência. Há quem considere que ela pode ser aprovada se forem retirados pontos críticos. Pode ser, desde que haja mudanças, uma vez que o atual modelo corre o risco de deixar as próximas gerações sem respaldo. Uma CPI criada na Câmara diz que o déficit do setor é peça de ficção, mas há controvérsias, uma vez que os números não mentem.
A reforma tributária é outro ponto pendente. Os políticos são consensuais ao afirmar que é preciso fazer mudanças, mas o discurso empaca quando se avalia o modelo a ser votado. Hoje, o setor produtivo e o contribuinte de modo geral pagam imposto em demasia, enquanto o retorno é precário. O Brasil tem uma das mais altas tributações do mundo, mas os serviços essenciais continuam sem solução. Áreas estratégicas como saúde, segurança e educação vivem um déficit permanente a despeito de tantos impostos.
O presidente Michel Temer não tem, sequer, base política para tantos avanços, sobretudo por conta das concessões feitas aos aliados para garantir o seu mandato, mas precisa, de qualquer modo, tocar a pauta adiante, a fim de garantir que não haverá retrocessos.