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À FLOR DA PELE

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O presidente do Senado, Renan Calheiros, além de ingressar com ação no Supremo contra a Polícia Federal, por ter prendido o chefe da Polícia Legislativa, chamou o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, de “chefete de polícia” e o juiz que autorizou a operação, de “juizeco de primeira instância”. O senador disse ter ódio e nojo de métodos fascistas. No mesmo dia, o também senador Marcelo Crivella, candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, chamou os jornalistas do “O Globo” de vagabundos e patifes e os da revista “Veja”, de patetas. A República está com os nervos à flor da pele. No caso do juiz, ontem mesmo, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, colocou as coisas no lugar. “Quando se ofende um juiz é a mim que ofende”, enfatizou, pedindo respeito entre os poderes.

A razão de tudo isso está no protagonismo do Judiciário e da Polícia Federal, os quais, sob autorização de juízes como Sérgio Moro, têm levado à frente uma série de investigações, com destaque para a Lava Jato. Ontem, o anúncio de que Marcelo Odebrecht e outros 50 diretores da sua empresa fecharam acordo de delação premiada deve amplificar as ofensas, pois a lista envolve quase um terço da Câmara Federal e um expressivo número de senadores. O senador Aloísio Nunes (PSDB), que já foi ministro, classificou o juiz Moro de superego da Justiça. O representante tucano também é investigado.

A operação Lava Jato, destacadamente, tem o viés das comissões parlamentares de inquérito: todos sabem como começa, mas ninguém ousa prever seu desfecho. A despeito do número de envolvidos, a lista tende a aumentar, dando margens a novas indagações. A primeira delas é saber se haverá força política para manter possíveis condenações. A outra é se as cortes superiores, entre elas o Supremo, vão garantir as sentenças de primeira instância. E uma terceira, até quando vão as investigações.

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É num cenário desse que 2016 caminha para o seu fim, mas sem a perspectiva de conclusões no ano que vem. No meio disso, há uma densa pauta para ser votada na Câmara e no Senado, mas não se sabe, agora, com que ânimo os parlamentares vão se apresentar.

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