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A partir desta sexta-feira, até o dia 29 de setembro, as emissoras de rádio e de televisão – por serem concessões do Governo – são obrigadas a ceder espaço em suas programações para a apresentação da propaganda eleitoral gratuita, momento importante da democracia, pois dá aos candidatos a chance de se apresentarem ao eleitor. Além de inserções ao curso da programação, são dois programas diários. No rádio, às 7h e ao meio-dia. Na televisão, às 13h e às 20h.

A indagação que perpassa todo o ciclo político envolve a eficácia de tais programas. Ajudam de fato os candidatos? Certamente, sim, dependendo de que tipo de ajuda eles esperam. A propaganda tem como meta apresentar os políticos ao eleitor, uma vez que não há tempo suficiente para detalhar seus projetos, salvo nas disputas majoritárias, cujos postulantes têm mais tempo de exposição.

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Para os legislativos, o problema é o excesso de candidato e escassez de tempo. Como este é dividido proporcionalmente ao tamanho da bancada na Câmara Federal, há legendas que não conseguem, sequer, contemplar seus candidatos num mesmo programa. Além disso, a apresentação se aproxima dos tempos da Lei Falcão, quando os candidatos não tinham voz, isto é, eram apenas apresentados seus retratos, no caso de TV, e seus nomes, no caso do rádio, além do seu número de registro.

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O ministro Armando Falcão usou tal estratagema para conter o avanço da oposição, que já na eleição de 1974 tinha dado um susto no Governo ao eleger uma das suas mais expressivas bancadas no Congresso – em Juiz de Fora, o MDB elegeu Itamar Franco, para o Senado, enquanto Sílvio Abreu Júnior e Tarcísio Delgado foram guindados à Câmara Federal. Era, no entanto, o início da descompressão política, mas ainda distante do voto direto, que só viria em 1989, com a eleição de Fernando Collor de Mello.

Hoje a motivação é outra. Com a redução de tempo dos programas, que na primeira versão duravam uma hora cada edição – este ano serão 25 minutos -, criou-se um gargalo que induz os partidos a apresentarem seus candidatos apenas pelo nome e pelo número. Quando há tempo, falam algum bordão ou pedem voto para o candidato a ser eleito pelo modelo majoritário: senador, governador e presidente. Não mais do que isso. As inserções durante a programação têm o mesmo objetivo, mas focam mais a legenda e os candidatos majoritários.

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A propaganda, no entanto, continua sendo a alma do negócio. Uma expressiva parcela dos candidatos é desconhecida plenamente dos eleitores. Em Juiz de Fora, por exemplo, aproximadamente cem candidatos foram registrados nas convenções. Sem uma exposição mínima, correm o risco de ser percebidos apenas em seus espaços de relação, não chegando aos demais eleitores.

Para fugir da mesmice, os comitês devem usar a criatividade para estabelecerem uma relação direta com as ruas. E aí, vale não apenas o papel do marketing como também o talento dos próprios candidatos. Na sua primeira eleição para prefeito, no já distante 1988, o radialista Alberto Bejani tinha um tempo ínfimo de exposição. Fez dessa precariedade uma estratégia. Iniciava uma frase que fatalmente seria cortada pelo excesso de tempo. O eleitor de então considerava o fato uma censura. Deu certo também por isso.

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