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Siga o dinheiro

editorial moderno
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A prisão de quatro suspeitos de terem hackeado as contas do ministro Sérgio Moro e de outros personagens da República – o Ministério da Justiça diz que até o presidente Jair Bolsonaro foi alvo – aponta para uma série de eventos que devem vir pela frente. A primeira indagação é conhecer a extensão do dano, já que os números são controversos. Há quem diga que mais de mil pessoas tiveram seus celulares expostos no que seria um dos maiores casos de invasão de privacidade dos últimos anos.

Outra questão, e talvez a principal, é quem seriam os mandantes dessa operação. Os suspeitos, diante de sua movimentação financeira, não seriam a gênese desse crime, devendo, pois, ser avaliada a ordem para essa espionagem. Para isso, uma das máximas da investigação é seguir o dinheiro, isto é, quem seria a fonte pagadora para esse ilícito. A história de bitcoins, primeira versão dos envolvidos, é rasa, assim como vários pontos da versão que apresentaram à Polícia Federal e divulgados pelos próprios policiais durante entrevista coletiva.

Desse episódio também é possível tirar lições. Uma delas é a falta de cuidado de autoridades no uso de seus equipamentos eletrônicos. Em tempos em que a privacidade é tão questionada, deveriam ter um mínimo de preocupação pelo tamanho do cargo. A troca de mensagens ou discussão de temas relevantes e sigilosos pelas redes sociais é uma temeridade.

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Outro dado a ser considerado é o papel relevante do Coaf, órgão recentemente proibido, por decisão do ministro presidente do STF Dias Toffoli, de passar para o Ministério Público a informação de transações financeiras suspeitas. A polícia chegou aos supostos autores após receber dados do trânsito de milhares de reais em contas cujos titulares não tinham lastro para tanto dinheiro. O ministro, certamente, deve ter percebido a importância da parceria por ele temporariamente suspensa.

Os primeiros sinais também apontam para a politização do tema. O advogado de um dos suspeitos, em entrevista coletiva, disse que um dos envolvidos – não seu cliente – teria dito que venderia os dados para o Partido dos Trabalhadores, o que mereceu uma necessária nota de repúdio, pois não há, pelo menos por enquanto, qualquer dado que leve para esse caminho. Informações de tal relevância mudam o foco da discussão, quando a prioridade, agora, é chegar à fonte primária desse episódio. Esta, sim, pode definir todo o caminho a ser seguido.

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