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Além dos muros

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A discussão sobre a violência nas escolas não se esgota nas ações dos líderes do setor – especialmente as lideranças sindicais – por tratar-se de uma questão que vai além dos muros escolares. Houve, ao curso dos anos, uma inversão de valores que hoje resulta na insegurança dos profissionais da educação e dos próprios alunos, vítimas sistemáticas dos enfrentamentos dentro e fora das unidades. O número de ocorrências é emblemático, embora suspeite-se que ele seja mais expressivo.

A figura do professor, que em outros tempos era sinônimo de respeito e referência para os estudantes, mudou de lugar. Se antes, ao advertir algum aluno, ele recebia, em seguida, pais constrangidos, prontos a tomar as “devidas providências”, hoje a situação é outra. São muitos os casos de pais que comparecem às escolas para tirar satisfação com o professor, muitas vezes chegando à agressão física.

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Essas ocorrências se reverberam no número de profissionais licenciados que se encontram sem condições de retornar ao trabalho em consequência dos danos psicológicos que vivenciam. A Tribuna, por mais de uma vez, já relatou tais situações, mas não houve mudanças. Na rede pública, especialmente, os enfrentamentos são frequentes, e dar aula, principalmente à noite, tornou-se um desafio. Com isso, vocações são inibidas pelo medo que a profissão proporciona.

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A mudança não é um processo simples, mas precisa ser discutida em profundidade em vários fóruns e nas próprias instâncias políticas, a fim de se criarem ações, e remunerações, capazes de virar o jogo. Nesse cenário, não há vencedores. Todos os personagens perdem, mas esse dano se estende à própria sociedade, que vê o ensino, a cada dia, colocado em plano inferior.

 

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