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Tragédia sem fim

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É fato que há negociações em curso, mas, um mês depois da tragédia de Brumadinho, ainda há muito a ser feito para impedir uma terceira ocorrência com a mesma magnitude. A Assembleia Legislativa aprovou uma legislação mais dura – com um ano de atraso -, e o texto foi sancionado, nessa segunda-feira, pelo governador Romeu Zema, mas há, ainda, um componente nesse processo: o Estado tem condições de cumprir as metas estabelecidas pelos deputados? É fato recorrente a aprovação de propostas que são boas no papel, mas impossíveis de serem cumpridas pela absoluta falta de meios, especialmente de fiscalização.

A Vale ainda discute o valor das indenizações, mas não se sabe o que vai surgir das comissões de inquérito instaladas no Congresso Nacional e na Assembleia. É rotina na instância política fazer muito barulho na instalação e silêncio durante as investigações. Por enquanto, as críticas têm sido mais ao Governo do que à empresa, num jogo de palavras que cai bem no noticiário, mas sem qualquer sentido prático, sobretudo quando se trata de algo tão grave.

A despeito da cobrança por punições, por serem fundamentais para o viés pedagógico, o dado a ser considerado é como ficarão as represas daqui por diante. Em tese, o modelo de Mariana e de Brumadinho está superado e proibido, mas não se discute o que será feito para acomodar os rejeitos das mineradoras.

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Tragédias, na maioria das vezes, não são fatalidades, como disse o presidente do Flamengo ao relatar o incêndio no Ninho do Urubu. São resultado de leniência, de acomodação e da falta de preocupação com a segurança. Com o tempo, essas inações tornam-se o gatilho para episódios, e considerá-los fruto do acaso é uma ofensa às próprias vítimas.

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