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Tragédias anunciadas

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Três anos já se passaram, e o processo envolvendo a tragédia de Brumadinho ainda não teve um desfecho definitivo. Os personagens indiciados no processo ainda não receberam a palavra da Justiça, que vive, agora, o impasse de competência: uma corrente entende ser uma demanda da Justiça Federal, e outra remete a decisão à Justiça do Estado. Enquanto isso, as famílias das 277 vítimas – ainda há seis desaparecidos – continuam chorando pelos seus mortos.

Financeiramente, já houve parte do acordo de indenização, cabendo ao Estado fazer o repasse aos municípios, mas a não finalização de todo o processo é um retrato fiel dos prazos para decisões definitivas no país. No caso em questão, não se trata, sequer, de recursos protelatórios, o que agrava ainda mais a discussão. Minas, em menos de uma década, passou por duas tragédias cuja conta ainda está em aberto.
A tragédia ambiental de Mariana ainda é um caso a resolver, a despeito de suas repercussões para além do Estado, enquanto as mortes de Brumadinho ainda esperam o mérito na instância penal. Ontem, três anos depois, todos os eventos foram de lamentos e críticas à falta de uma definição.

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Os dois acidentes soaram como tragédias anunciadas, mas nem por isso a realidade mudou. As mineradoras, é fato, tomaram algumas providências, mas aquém do necessário, bastando ver casos recentes. Em virtude dos fortes temporais que assolaram Minas entre dezembro e o início de janeiro, dejetos de uma mineradora escaparam do leito de sua represa e foram parar na BR-040, paralisando o trânsito. Por pouco novas vítimas não foram registradas.

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Quando se trata de mineradoras, a discussão não se esgota nas represas. Há anos, a população em torno da BR-040, especialmente no trecho entre Conselheiro Lafaiete e Belo Horizonte, se queixa da perversa convivência com o trânsito pesado na região. Os usuários são obrigados, a todo tempo, a dividir pistas com caminhões de grande porte, num risco que já se materializou em várias ocasiões e que continua permanente numa das principais rodovias do país. Um novo protesto deve ocorrer em breve, mas a expectativa de sucesso ainda é efêmera.

A Assembleia Legislativa, em diversas legislaturas, já tratou do tema, e até uma comissão especial foi criada. Os resultados são pífios. O máximo que se fez foi a substituição do velho Viaduto das Almas – um dos pontos mais críticos da região – por um viaduto duplicado. Mas há muito por fazer.

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Com a mudança do trecho a ser privatizado – agora será entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte -, espera-se que a futura concessionária abra negociações com as mineradoras, na busca de uma via alternativa para acolher o trânsito pesado. Afinal, não faz sentido pagar pedágio numa rodovia em que o risco do usuário é uma questão permanente.

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