O uso da Inteligência Artificial (IA) nos coloca diante de um cenário de desafios e oportunidades. Historicamente, o avanço tecnológico sempre provocou receios. No entanto, o que vimos até agora foi uma capacidade de a sociedade se adaptar às mudanças e transformações trazidas pelas tecnologias.
Pela característica disruptiva, a capacidade de analisar um grande volume de dados com agilidade e precisão, e a promessa de promover uma experiência cada vez mais humanizada, é natural o receio com relação à IA. Dúvidas sobre o futuro do mercado de trabalho, da comunicação e da segurança de dados permeiam o debate sobre o uso da tecnologia e, também, oportunizam transformações.
No Brasil, em 2018, foi criada a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) com o propósito de determinar as normas para a coleta, o armazenamento, o uso e o tratamento de dados, também no ambiente digital. O texto estabelece, ainda, as definições de dados pessoais e dados sensíveis.
Os desafios existem, mas por outro lado, acompanhamos os benefícios da implantação da IA em diferentes setores. Por isso, ao falar sobre os novos rumos dessa tecnologia, observamos a necessidade de dar mais um passo na discussão.
Na manchete desta edição, escrita por Maria Luiza Guimarães e editada por Júlia Pessôa, levantamos o debate sobre o uso ético e justo das IAs. Considerando a desigualdade social, é necessária uma reflexão crítica para que a tecnologia não promova a exclusão de parte da população e, assim, contribua para aumentar esse contraste. Mas como fazer isso na prática?
A reportagem mostra a iniciativa do fotógrafo e pesquisador de IA, Thiago Britto, que, ao integrar a tecnologia em suas fotos, abriu a possibilidade de trazer outras representações para a memória coletiva. Assim, grupos historicamente silenciados, como os povos originários e africanos, são representados em suas obras.
A IA é uma realidade que se tornará cada vez mais presente no dia a dia. No entanto, é preciso cautela para que, no processo de adaptação dessa nova realidade, não sejam criadas ou aumentadas as lacunas sociais existentes. Pelo contrário, é possível pensar alternativas para reduzir as diferenças.
É um cenário desafiador, mas que também traz oportunidades de repensar espaços e vozes. Isso exige participação do poder público, para que a legislação também esteja adequada ao novo momento, e da sociedade, para um uso consciente da tecnologia.