Embora tenha passado despercebida nos palanques de campanha, uma entrevista do presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM), Julvan Lacerda, deveria ser motivo de discussão dos dois finalistas ao Governo de Minas, Romeu Zema (Novo) e Antonio Anastasia (PSDB), por conta de sua gravidade. Prefeito de Moema, um pequeno município do Centro-Oeste do estado, Julvan advertiu que 90% das prefeituras não sabem como vão pagar o 13º salário dos servidores este ano. E mais, a nova retenção do ICMS decretada pelo Governo Fernando Pimentel leva incertezas até mesmo em torno da folha de pagamento mensal.
Ninguém ignora a situação dos municípios, que há muito tempo vivem de repasses da União e dos estados e que nem sempre são feitos de forma regular. Os prefeitos são induzidos a verdadeiro malabarismo para fechar o mês e não têm meios de aumentar sua arrecadação a fim de reduzir tal dependência. Como a reforma tributária continua no papel, é fundamental insistir com a futura legislatura que será importante mudar tal divisão. A União fica com a maior parte e os municípios com o que resta, embora todas as demandas se resolvam nas cidades.
O futuro governador de Minas terá que ser criativo para mudar o jogo, já que a situação está no seu limite. Quando venceu as eleições, Pimentel prometeu novos tempos para Minas e para os mineiros, mas foi engolido pela crise sem que houvesse capacidade para reduzir seu impacto no cofre do estado. Pagou a conta ao ficar fora do segundo turno, mas nada indica que a situação irá mudar no curto prazo.
Em decorrência disso, será necessário um diálogo permanente com os prefeitos, para explicar o que será feito e quais os resultados a serem esperados com a mudança da guarda. Caso contrário, a continuidade de tal quadro irá provocar graves consequências para a população, que se verá privada de serviços e sem a perspectiva de avanço nas ações necessárias das instâncias de poder.