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Chance perdida

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Os debates e as entrevistas envolvendo os candidatos tanto à Presidência da República quanto aos governos estaduais estão recheados de promessas – o que já comum aos ouvidos do eleitor -, mas um dado tem chamado a atenção: o papel do Centrão no Governo federal. O candidato Ciro Gomes, que desembarca sexta-feira em Juiz de Fora (veja nota no Painel), é um dos defensores da ideia de tirar o grupo do protagonismo que lhe cabe desde a primeira eleição direta após a redemocratização. O candidato ao Governo de São Paulo Fernando Haddad o classificou de grande mal e propôs o seu isolamento.

O problema, porém, é que não bastam palavras para a implementação de tais ideias. Outros governantes também tentaram e não conseguiram. Fruto do presidencialismo de coalizão, o grupo atua de forma organizada e coordenada, o que faz dele estratégico na formatação da agenda do Executivo no Congresso. Ademais, suas lideranças controlam seus parlamentares com mão de ferro e com repasses generosos, especialmente no período de campanha.

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Uma base política no Parlamento é vital para os governantes não só no Brasil, mas em qualquer país democrático do mundo. A diferença é como basicamente essa aliança é formatada. Nos Estados Unidos, os partidos Democrata e Republicano, base de sustentação da Casa Branca, se revezam no poder, mas seu respaldo ao presidente se dá, principalmente, em cima do viés ideológico e programático.

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O Centrão atua em outra vibe, optando pelo surrado e onipresente toma lá, dá cá. Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro tiveram, ou têm, o apoio do grupo com a troca de cargos nas instâncias administrativas, que tanto podem ser ministérios ou postos estratégicos na instância de poder.

Hoje, qualquer Executivo depende do Centrão, e quem resiste corre o risco de não executar suas propostas de Governo. Dilma Rousseff, que tinha forte resistência ao grupo, caiu. Na entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, na última segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro foi taxativo ao apontar a dependência ao Centrão.

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Como reverter esse processo é uma discussão que desafia a ciência política e intriga os próprios políticos, pois não há uma saída plausível. A chance foi perdida na discussão da reforma política, que ficou pela metade. As recentes tentativas de mudar o jogo, com o fim das coligações, não foram suficientes, ainda mais pela estratégia dos próprios políticos, ao substitui-las pelas federações, num claro movimento do “jeitinho” para abrigar o jogo de interesses que perpassa a cena nacional.

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