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Risco extremo

editorial
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Ao mesmo tempo em que vários países insistem em aumentar a produção de petróleo, em vez de dar prioridade a outras matrizes energéticas, os reflexos ambientais são cada vez mais expressivos, colocando em risco as futuras gerações. Na edição dessa terça-feira, o jornal “O Globo” revelou que o calor extremo climático que mais mata, pode tornar áreas do Centro-Oeste, do Nordeste, do Norte e do Sudeste do Brasil, além de outras regiões do mundo inabitáveis dentro de 50 anos. A informação é resultado de uma análise da Nasa, a agência espacial americana.

Trata-se de algo grave por colocar em risco toda uma geração, embora os efeitos do calor já se mostrem letais há algum tempo. A Organização Mundial de Saúde, por meio de um estudo, destacou que entre 2000 e 2019, o calor matou 489 mil pessoas por ano pelo mundo afora, mas destacou que os números são bem mais expressivos se for considerado que a mortalidade associada ao calor não é corretamente notificada na maioria dos países.

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Isso significa que pelo menos 14.670.000 pessoas morrem por ano de calor no mundo. E esse número é anterior às temperaturas recordes e ondas de calor mais intensas e prolongadas registradas em 2023 (o ano mais quente da História da Humanidade) e 2024, que caminha para superar o ano anterior.

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Em meados do ano, durante a peregrinação em Meca, templo sagrado do islamismo, mais de 900 pessoas morreram por causa do calor, uma vez que a temperatura se aproximou da casa dos 50 graus. Como destaca o jornal fluminense. “o alerta de que parte do mundo pode se tornar inabitável veio de um estudo integrado por Colin Raymond, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. O trabalho analisou os extremos de calor e umidade e foi publicado na revista científica Science Advances.

Feitos os alertas, a pergunta que fica no ar é o que está sendo feito ou que é possível fazer para reverter essa possibilidade. A associação calor e umidade tem sido letal, pois num estágio de grande umidade e alta temperatura, o corpo não consegue dissipar o calor, o que é mais provável em clima seco.

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O efeito estufa, que tem mudado o comportamento do clima abre mais essa possibilidade de catástrofe em tão pouco tempo. Os governos nacionais e demais organismos ainda não compreenderam que não haverá exceções quando a situação chegar a um ponto de não retorno. As economias globais entrarão em colapso e a insegurança política vai aumentar.

As consequências, pois, não se esgotam no debate ambiental. É preciso colocar a questão em todas as agendas. Nos Estados Unidos, agora com novos atores ante a desistência do presidente Biden de tentar a reeleição, a matéria deveria ter prioridade, sobretudo quando o republicano Donald Trump volta a falar em mais petróleo e menos repasses para a economia verde.

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No Brasil, passada a crise do Rio Grande do Sul, que durante um mês ficou literalmente debaixo de água, as regiões Norte e Nordeste vivem o oposto. Apesar da pujança dos rios, muitos deles já estão abaixo dos níveis históricos, num prenúncio de nova seca, como a do ano passado, que causou danos às famílias e à economia dos estados afetados. Não é de graça que esses excessos estão se tornando cada vez mais frequentes.

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