A tragédia no Rio Grande do Sul, além de seus muitos desdobramentos, serve como um alerta pedagógico, incentivando outros entes federativos a adotarem medidas preventivas, já que a instabilidade climática não é exclusiva daquela região. Essas variações climáticas podem ocorrer em qualquer parte do planeta, especialmente devido à intervenção humana, que desrespeita o meio ambiente.
Na edição de quinta-feira, 20 de maio, a Tribuna, em matéria da repórter Nayara Zanetti, apresentou a criação do Centro Intersetorial de Pesquisas em Alterações Climáticas e Redução dos Riscos de Desastre (Cipard). Essa iniciativa pioneira, em parceria com instituições de ensino superior do estado, visa aprimorar a gestão de riscos e a resposta a desastres em Minas Gerais.
Entre suas metas, o Cipard pretende mapear os principais riscos no estado e propor soluções para a construção de uma sociedade mais segura. As pesquisas envolvem professores e alunos da Academia de Bombeiros Militar (ABM) e pesquisadores de diversas instituições de tecnologia, incluindo a Universidade Federal de Juiz de Fora.
Minas Gerais possui uma topografia desafiadora, e Juiz de Fora ocupa a terceira posição entre as cidades mineiras com mais áreas de risco geológico. Entre os mais de 1.600 municípios brasileiros mapeados, a cidade está na 15ª posição. Atualmente, registra 142 áreas de risco geológico, com possibilidade de deslizamento de terra, e 27 áreas de risco hidrológico, ou seja, inundações.
É fato que todas essas áreas são monitoradas, principalmente para evitar a ocupação desordenada, um problema recorrente nas cidades de grande e médio porte. No entanto é necessário ir além na captação de recursos para enfrentar esse problema. Juiz de Fora tem investido em várias áreas, que, há décadas, são consideradas de risco hidrológico. Embora isso represente um avanço, essas áreas, com as de risco de deslizamento, necessitam de manutenção permanente devido às mudanças climáticas, que tendem a se tornar cada vez mais graves e variadas ao longo dos anos.
A implantação de centros de pesquisa, como o Cipard, é fundamental para orientar políticas públicas. Além de pesquisar os riscos, eles devem sugerir ações e implementar projetos. Com isso, os gestores políticos terão meios para apresentar seus pleitos nos gabinetes de Brasília e de Belo Horizonte. Um dos questionamentos recorrentes dos técnicos é a qualidade dos projetos que lhes são encaminhados para avaliação. Uma expressiva parcela tem erros abissais, que comprometem a liberação de verbas, mesmo diante de sua necessidade.