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Tempos estranhos

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Recentemente, ao ser indagado sobre a crise que afeta o país, com reflexos até mesmo no Supremo ante a relação de ministros com parentes que atuam em escritórios de advocacia – como era o seu caso -, o ministro Marco Aurélio Mello disse que vivemos tempos estranhos. De fato, há razão no discurso devido à avalanche de acontecimentos que nem o noticiário dá conta diante de tantas ocorrências. O país começou a semana com o presidente da República sob o risco de processo no STF, um ex-presidente indiciado por causa de obras em um sítio, que ele nega ser de sua propriedade, e um senador da República prestes a ir para a cadeia por conta de suas ligações com os executivos do grupo JBS, o maior do mundo no tratamento de carnes.

O que eles têm em comum? Michel Temer, Luiz Inácio Lula e Aécio Neves não são personagens simples no jogo político, estando na lida há anos e com grande sucesso. Hoje, diante da avalanche das investigações, estão sob as barras da justiça num país no qual as instituições se sustentam como podem enquanto a instância política passa por abalos frequentes, sobretudo porque esses três são apenas parte do problema que afeta também outros players do processo nacional.

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O grave desse enredo é que não se sabe até onde as investigações vão chegar. Quando se pensava que a Odebrecht era o ponto final dessa escalada, surge o escândalo da JBS. Haverá outros? Enquanto essa pergunta não é respondida, o material em mãos do Ministério Público já é suficiente para apontar as mazelas da política e seu uso para benefícios individuais na perversa mistura do público com o privado.

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A saída não está apenas na punição dos culpados, que se faz necessária ressalvado o amplo direito de defesa, mas também nas medidas que virão pela frente. A reforma política, a despeito de não ter a mesma visibilidade do debate em torno da Previdência e das relações de trabalho, deve ser a principal âncora para esse futuro incerto, por implicar mudanças drásticas na forma de se fazer política. O atual modelo está esgotado e os escândalos ora sob investigação são a prova material de que ele já não se sustenta mais.

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