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Na solidão das urnas

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Atribui-se a Tancredo Neves uma frase que reflete bem os tempos de hoje: na solidão das urnas, há sempre uma vontade de trair. Foi assim em 2018, quando até os últimos dias de campanha os favoritos para o segundo turno em Minas eram o então governador Fernando Pimentel e o ex-governador Antonio Anastasia; e na corrida para o Senado o que se discutia era quem ficaria com a segunda vaga, já que a primeira estava garantida para a ex-presidente Dilma Rousseff. O eleitor, talvez levado pelo vaticínio de Tancredo, elegeu o até então desconhecido Romeu Zema; tirou o governador do segundo turno e jogou Dilma para o quarto lugar, elegendo o deputado Rodrigo Pacheco e o jornalista Carlos Viana para o Senado.

De novo o jogo está aberto em Minas, mas o que chama a atenção é o debate nacional. O presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula estão cada vez mais distantes de seus oponentes, cuja terceira via empacou e não dá sinais de retomada. Nem mesmo a saída do páreo do ex-ministro Sérgio Moro mudou a configuração nas pesquisas de intenção de voto. Ao contrário, seus eventuais eleitores, em vez do caminho do meio, voltaram ao ponto de origem, isto é, para Bolsonaro. Enquanto isso, os demais candidatos, ora não se entendem, ora são vítimas de escaramuças em suas próprias legendas.

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A senadora Simone Tebet, que andou visitando redutos eleitorais do MDB, inclusive de Minas, levou bola nas costas de seus próprios colegas que insistem em ficar no palanque de Lula. Ela reagiu, mas suas chances de passar na convenção ficaram reduzidas. No PSDB, o candidato João Doria assiste diariamente a articulações no ninho tucano para tirá-lo do páreo. A matriz de tais discussões está em Minas, tendo à frente o deputado Aécio Neves. Doria continua estacionado na casa dos 2% das intenções de voto, o que incentiva a mobilização de seus adversários.

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Tais movimentações, no entanto, não apontam para o eleitor a existência do que se insiste em dizer terceira via. No cenário de desentendimento e com o tempo passando, a possibilidade de mudanças no quadro eleitoral está se reduzindo gradativamente. É fato que a campanha oficial, especialmente no rádio e na televisão, ainda não começou e nem se sabe quais são as reais propostas dos candidatos, mas os sinais de uma terceira opção estão cada vez mais tênues.

Como política – lembrando o também mineiro, Magalhães Pinto – é como nuvem, mudando de posição a cada momento, é cedo para apostas. No entanto, se o eleitor, em vez da “traição” nas urnas, seguir o fluxo apresentado pelas pesquisas, o segundo turno está praticamente definido.

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