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Direito de ir e vir

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O ato de vandalismo contra a agência da Caixa Econômica Federal, na Rua Padre Café, esquina com a Avenida Presidente Itamar Franco, entra no noticiário policial como mais um episódio no cotidiano da cidade, cujos suspeitos são os moradores em condição de rua que ficam na região. Acontece que o raciocínio lógico nem sempre leva a um bom termo. É fácil imputar aos que não têm meios de se defender a responsabilidade por algo tão grave, mas somente com investigação será possível chegar aos culpados.

Tanto podem ser, de fato, esses moradores, como também alguém que aproveitou a ocasião para liberar sua insanidade. Pelo país afora, há relatos de pessoas que agridem mendigos, colocando até fogo em suas vestes pelo simples desejo de causar danos a esses personagens que ocupam espaço nas cidades, muitos deles, a despeito de terem família e residência formal.

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Tirar das ruas pessoas que nelas vivem de moto próprio não é uma ação simples, tipo tira e manda para outro lugar. O Brasil tem expertise no assunto, mas ainda não venceu esse desafio. Como as ruas são do povo, graças ao direito livre de ir e vir, retirar as pessoas é uma infração contra a própria Constituição, daí a importância de políticas que tratem o tema sob o viés de saúde pública. Em Juiz de Fora, há abrigos, mas há uma forte rejeição ao seu uso por conta das regras que são impostas. E é esse o problema. Por mais que sejam convencidos a usar o espaço, muitos preferem a rua, mesmo diante do risco de serem agredidos no silêncio das madrugadas.

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O caso da agência da CEF tem conotação especial por ser local de permanente reclamação dos moradores da região, que também têm o direito de não serem incomodados. O lixo deixado na rua e cenas de sexo explícito por eles testemunhadas são, de fato, um problema a ser enfrentado especialmente pela Secretaria de Desenvolvimento Social. A agência também poderia tomar algum tipo de providência, especialmente após o episódio da noite de domingo, que poderia ter consequências muito mais graves. Uma delas é cercar o espaço sobre o qual tem posse, e outra é colocar um vigia para evitar a ocupação do local, como ocorre há anos.

Mas a esquina não é a única área crítica. Na semana passada, a Tribuna mostrou cenas semelhantes espalhadas pela cidade, que indicam o drama de tais personagens e as consequências de suas ações no meio da sociedade. A discussão sobre o tema deve ser permanente, assim como a avaliação do que precisa ser feito. Só não vale a omissão.

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