Investir na educação é um ativo de longo prazo, mas sem risco, desde que haja paciência e vontade política para executá-lo. Países que fizeram essa opção esperaram por quase três décadas, mas hoje usufruem os benefícios da decisão. O caso mais emblemático é a Coreia do Sul, que saiu de uma divisão no início dos anos 1950 – a tensão com o vizinho do norte continua até hoje – e tornou-se uma referência de desenvolvimento. O país, que era um dos mais pobres do leste asiático, tornou-se uma potência industrial.
O Brasil, a despeito do ciclo virtuoso da economia, vive impasses próprios de quem não fez essa escolha. O ensino básico e o ensino fundamental, apesar dos investimentos, continuam sendo uma opção de segunda linha, bastando ver a situação das escolas pelo país afora e o tratamento dado aos professores. Não se olha a base. O resultado não fica apenas na ascensão educacional. Um povo educado no sentido pleno não comete insanidades como as que se vê no trânsito e, muito menos, joga lixo nas ruas, obrigando as autoridades a adotar medidas extremas de criar leis punindo os infratores.
Na edição de ontem, a Tribuna mostrou as mazelas da coleta de lixo em Juiz de Fora, cuja opção pelo horário noturno ocorreu há cerca de dois anos. A proposta é boa e deve permanecer, pois não dá para recolher o lixo durante o dia em áreas de trânsito intenso, mas a execução tem sido um problema provocado pelos dois lados: por quem coleta e pela comunidade. O Demlurb, como admite o próprio diretor, por ainda não ter conseguido estabelecer uma rotina no tráfego dos caminhões e nem treinado suficientemente seus profissionais para compreender, por exemplo, que paradas que poderiam ser feitas nas laterais das ruas são importantes para o fluxo dos demais veículos. O que se vê, no entanto, é que o bloqueio ocorre até mesmo quando há essa possibilidade. Além disso, como a própria matéria apontou, o horário de recolhimento continua além do tempo ideal de duas horas para garantir uma rotina.
No caso da comunidade, a questão central é o velho hábito de se olhar apenas para o próprio umbigo. Uma considerável parte da população vê apenas o próprio lado. Expõe o lixo de casa fora de hora ou, o que é pior, até mesmo depois da passagem do caminhão. Descartar lixo nas ruas é outra velha prática que resulta em bueiros entupidos com consequente, enchentes.Trata-se do antigo costume do danem-se os demais, quando, na verdade, é uma demanda coletiva. Como a educação leva à conscientização, a falta da primeira inibe o exercício da segunda.