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O viés político e a economia

editorial
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A democracia vai bem quando a economia está indo bem, daí a importância de o Governo dar atenção aos abalos que envolvem o setor, cuja repercussão afeta diretamente a vida da população. O cenário atual é preocupante, pois não há pleno entendimento do que está ocorrendo. O presidente Lula, sob o viés político, já sugeriu a venda direta dos combustíveis aos postos, ignorando que cabe às distribuidoras a depuração do combustível, aconselhou a população a procurar itens mais econômicos para diminuir o custo dos alimentos e enfrenta, agora, no mesmo setor, o aumento no valor do ovo, cuja origem está na inflação do custo do milho.

A cadeia de produção produz cenários distintos, o que exige, também, atitudes distintas para enfrentar o problema, que põe em risco a democracia, a começar pela corrosão dos índices do Governo. Desde o início do ano as pesquisas apontam a queda do prestígio do presidente Lula até mesmo em regiões nas quais ele sempre se manteve em alta. O nordestino, que na visão de Euclides da Cunha, no seu livro Os Sertões (1902), é, antes de tudo, um forte, também está sofrendo os efeitos da elevação dos preços e cobra a conta ao Governo. 

Quando enfrentava o presidente George Bush pai na disputa pela presidência dos Estados Unidos, em 1992, Bill Clinton teve sua candidatura impulsionada pelo slogan criado pelo marqueteiro James Carville, que se tornou uma lenda entre os estudiosos da política e das campanhas eleitorais: “É a economia, estúpido”. A partir daí, a expressão virou tema de análise, pois dizia-se até que Clinton a repetia como um mantra todos os dias, o que não foi confirmado até hoje.

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No entanto, ao apontar a economia como chave para o debate eleitoral, Carville abriu a porta para uma verdade incontestável: se os números não forem bons, o Governo tende a perder seu prestígio. Após pouco mais de um mês liderando os Estados Unidos, o presidente Donald Trump foi informado sobre essa possível consequência. A despeito dos muitos decretos e ordens de serviços emitidos desde a sua posse, ele não alterou em nada a situação econômica dos americanos, que continuam sofrendo com a alta dos preços. As pesquisas já fazem essa observação, indicando que a lua de mel com a opinião pública começa a passar pelos primeiros desgastes.

No Brasil, a discussão, em vez de focar a busca de soluções, ganha viés eleitoral, levando o presidente a anunciar processos populistas e a oposição a aumentar o tom de seus discursos, o que nada colabora para melhorar a situação.

É do jogo, é fato, mas o indivíduo médio, no meio desse fogo cruzado, acaba pagando a conta por algo que não fez nem prometeu. 

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