Durante anos, cidades como São Paulo e Belo Horizonte eram consideradas túmulos do samba – lema adotado pelos próprios foliões paulistanos e belo-horizontinos – ante as ações pífias no período de carnaval. Mas as duas cidades se reinventaram e fazem hoje eventos que não devem nada às manifestações de cidades como Recife e Salvador, consideradas rota dos foliões em busca do carnaval de rua. O próprio Rio fugiu do momento único das Escolas de Samba no Sambódromo e retomou a tradição de fazer de suas ruas o centro das celebrações de Momo. Mas, nesse aspecto, a capital mineira se destaca, pois fez sua virada nos últimos três anos e tem, agora, uma otimista expectativa de milhões de foliões em mais de 600 blocos.
Na edição deste domingo, a Tribuna mostra como a capital fez sua virada e o contraponto ao carnaval de Juiz de Fora, que se desidratou nos últimos anos. O jornal quis saber o que se faz nas alterosas que não possa aqui ser replicado e onde a cidade falha ao ter a redução de seus eventos em comparação ao que já marcou a sua história. Por anos, o município foi considerado sede de um dos melhores carnavais do país, não apenas com suas escolas lotando a Avenida Rio Branco, depois a Getúlio Vargas e até mesmo a Francisco Bernardino, para terminar na Avenida Brasil, mas também com os blocos e os clubes. A Banda Daki chegou a ter mais de 70 mil foliões, de acordo com dados da polícia, e clubes lotavam dias inteiros com matinês e viradas noite adentro.
A palavra-chave foi planejamento. A Prefeitura de Belo Horizonte age como parceira e usa instrumentos básicos para liderar uma força-tarefa com mais de 40 entidades. As discussões começam com anos de antecedência e envolvem várias frentes. Os empresários participam, pois perceberam que também ganham. A maioria dos hotéis já está com lotação esgotada, e outros, acima dos 80%. Os bares treinam funcionários, e o número de empregos temporários chega a sete mil.
É fato que Juiz de Fora está no rol das cidades mais afetadas pela crise financeira que começa em Brasília e chega a Minas, mas é necessário que, já a partir deste ano, se tente colocar a questão à mesa, sobretudo por estar comprovado que é possível conciliar escolas e blocos, mas estes também precisam estar atentos ao papel que devem desempenhar. O Município não repassa dinheiro – em BH também não -, mas dá apoio logístico para que tais entidades se monetizem ao longo do ano. A presença de parceiros com expertise também é fundamental, pois ficariam responsáveis pela organização e pela busca de investimentos. Ao final, todos ganham, especialmente o folião.