O incêndio, embora parcial, do prédio onde funcionava a Superintendência Regional de Ensino, no Bairro Mariano Procópio, joga luzes numa discussão que já deveria ter sido feita há algum tempo: a situação do imóvel, hoje totalmente abandonado e ocupado por indigentes. Por se tratar de um imóvel tombado pelo patrimônio histórico municipal, ele não atrai compradores, ficando o estado com a responsabilidade de recuperá-lo, apesar de não haver nenhuma sinalização nesse sentido no curto prazo.
O governador Romeu Zema deve entregar à cidade, provavelmente nos primeiros meses de 2023, a obra de plena recuperação dos Grupos Centrais, na Avenida Rio Branco, esquina com a Rua Braz Bernardino. O prédio, construído para servir de abrigo ao imperador Dom Pedro II, durante uma de suas visitas à cidade, mas jamais ocupado por ele, estava em situação precária. Somente na atual gestão foram implementadas as ações de sua recuperação. As obras estão na etapa final.
Durante os anos de desocupação e de obras de revitalização do espaço, pelo menos uma geração de alunos complementou seu curso em prédios alugados no Centro da cidade. No calendário escolar do ano que vem é praticamente certa a retomada do espaço.
O que precisa ser feito com o prédio da Superintendência deve seguir o modelo dos Grupos Centrais, buscando-se, inclusive, uma vocação para o local, que pode ser, de novo, a sede da superintendência. O que não pode é ficar à mercê do tempo e dos invasores. Hoje, os moradores do entorno também são alvo de preocupação, pois são testemunhas da deterioração e eventuais alvos de pessoas que acorrem ao local no calar da noite.
Outro dado relevante envolve o entorno da antiga superintendência. O prédio faz parte de um complexo de construções históricas como a sede da Quarta Brigada e o Museu Mariano Procópio. Ademais, a praça Agassis – logo ao lado – é um dos pontos de referência da cidade. Lá se encontra o marco zero de Juiz de Fora.
Por isso, recuperar o prédio da Superintendência deve ser um compromisso das entidades envolvidas com a cultura e a história de Juiz de Fora, cobrando do estado a sua recuperação. As cidades têm se preocupado com os seus centros históricos por registrarem a sua trajetória, mas também para se transformarem em centros de visitação. A região de Mariano Procópio tem referências de sobra.