Um país com 11,8 milhões de analfabetos, no qual metade da população acima dos 25 anos só tem o ensino fundamental, está fadado a ter problemas sérios no futuro, se já não os tem no presente. Essa é a realidade do Brasil, que ostenta um dos mais altos índices de violência e ainda procura explicações. Há uma clara exclusão que precisa ser combatida sob o risco de a situação se agravar ainda mais, pois há reflexos também em outras instâncias. O mercado de trabalho, cada vez mais qualificado, não tem espaço para tais personagens, apartados pela falta de ensino.
O investimento na educação não é uma questão de palanques eleitorais. Países que levaram essa demanda a sério vivem hoje uma nova realidade, por tratar-se de um investimento de ganhos irreversíveis. Mas é preciso agir já. A Coreia do Sul, o exemplo mais emblemático desse processo, levou cerca de 30 anos para colher os primeiros frutos, mas valeu a pena. O país asiático, hoje, é um dos mais competitivos no mercado global. No início dos anos 1960, estava atrás do Brasil no ranking das nações em desenvolvimento.
A despeito da crise, é fundamental insistir também na pesquisa e na inovação, pois serão vetores para os novos tempos. Não insistir nesses temas é investir na desigualdade, a mesma que se reflete nas ruas, com milhares de pessoas sem espaço para trabalhar e outras tantas, para, pelo menos, sobreviver com dignidade.
E, quando não há oportunidades, aumenta-se o risco de esses personagens serem acolhidos pelo crime. O tráfico de drogas, especialmente, é pródigo em recrutar jovens que estão longe dos bancos escolares e que acham ser vantajoso participar da “tropa do submundo”. Muitos o fazem por não terem benefícios sociais, entre eles, a educação de qualidade, que implica, necessariamente, também, professores bem remunerados e qualificados para fazer essa virada.