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Sem fronteiras

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Não é nada gratificante ver uma empresa brasileira envolvida em denúncia tão grave. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos classificou as ações da Odebrecht no Brasil e no exterior como o “maior caso de suborno da história” ao elencar pagamento de propina de mais de R$ 1 bilhão em vários países, a maioria deles da América Latina. Sem citar nomes, diz que a construtora e seu braço petroquímico Braskem deram dinheiro, entre tantos, para pelo menos dois ex-ministros, três parlamentares e dois altos integrantes do Executivo. No acordo, as empresas pediram desculpas.

Os fatos, devidamente comprovados, não chegam a surpreender, a despeito da sua dimensão, pois replicam, de certa forma, o que já está sendo levantado pela operação Lava Jato. As relações de poder tornaram-se um balcão no qual líderes partidários, em nome de verbas para campanha, fizeram acordos pouco republicanos. Nesse toma lá dá cá, o dinheiro migrou de mãos em mãos num fluxo permanente que só agora está sendo revelado.

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Trata-se de um novelo sem fim, que se desenrola a cada denúncia sem sinais de acabar. Quando se acredita ter sido tudo desvendado, surgem novos fatos, como este do Departamento de Justiça, indicando que ainda há um longo caminho a seguir. O que não se sabe é se haverá fôlego, pois trata-se de um enredo sem desfecho, que gera incerteza em todos os setores – a começar pela economia -, causando danos colaterais de grande extensão.

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As denúncias do departamento e as tantas outras produzidas pelo Ministério Público e Polícia Federal são a face explícita da necessidade de se restabelecer a lei de combate à corrupção, deturpada em toda a sua extensão pelos deputados numa triste madrugada, mas refeita por ordem do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal. O texto em si não resolve, pois o país, mais do que leis, precisa de seu cumprimento, mas já é um bom começo.

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