Ao novo titular da Fazenda não bastará dizer que o reajuste econômico será mantido e que a reforma da Previdência será efetuada para acalmar o mercado. Nelson Barbosa terá que agir como a mulher de César, que não bastava dizer que era honesta, sendo obrigada a prová-lo diariamente. Suas primeiras declarações foram de fidelidade aos princípios traçados pelo antecessor Joaquim Levy, mas seu currículo aponta para o sentido contrário. Desenvolvimentista por ideologia, o ministro, na mesma linha da presidente Dilma Rousseff, defende maior participação do estado na economia.
Como o ano está terminando, e os negócios serão jogados para 2016, depois do carnaval, haverá tempo para ações que mostrem aos investidores que o país continuará na rota do controle dos gastos e no enxugamento da máquina pública, mas tudo dependerá, também, das ações políticas que hoje têm forte influência na economia, e na reação dos próprios números, a começar pelos da inflação, que tanto incomodam a vida do brasileiro. Ademais, mexer na Previdência, outra pauta fundamental e por ele anunciada, será o seu principal desafio ante a possível resistência dos deputados e senadores.
Janeiro é um mês de pagar contas e fazer previsões para o ano inteiro, e somente num cenário econômico calmo e articulado será possível traçar estratégias de recuperação econômica. A posse do ministro ocorreu num momento de pouca atenção, mas à medida que o ano for, de fato, começando, será possível dizer se a mudança efetuada pela presidente valeu ou não a pena.