Ícone do site Tribuna de Minas

Como Itamar

PUBLICIDADE

Amigo do ministro Geddel Vieira Lima há mais de duas décadas, o presidente Michel Temer já avisou a interlocutores que não vê razão para tirar o chefe da Secretaria de Governo do cargo, a despeito do lobby feito por este para aprovar um prédio de luxo em Salvador, denunciado pelo ministro da Cultura, Marcelo Calera, que acabou pedindo demissão. Ele considerou tratamento técnico a decisão do Iphan, que negou a autorização, não vendo outros motivos para mexer na sua equipe. O presidente sequer esperou a manifestação do Conselho de Ética da Presidência, que, por maioria de seus membros, decidiu investigar o ministro.

Quando seu ministro Henrique Hargreaves foi acusado de lobby, o então presidente Itamar Franco não o demitiu, mas recomendou que se licenciasse até o fim de investigações pedidas pela própria Presidência da República. Ele provou sua inocência e voltou ao cargo. O presidente Temer, que chegou ao posto em situação semelhante à de Itamar, sucedendo o titular também cassado pelo Congresso, deveria adotar a mesma postura, evitando, com isso, um desgaste desnecessário em nome de uma amizade. Itamar também era amigo de Hargreaves, mas não titubeou nem um instante para exigir seu afastamento.

A fidelidade do presidente é, antes de tudo, com o país, mesmo que se louve à proximidade dos amigos, mas a leitura que se faz é de um chefe de Governo escudado em seus conhecimentos jurídicos para garantir seus gestos. Recentemente, o mesmo Temer criticou os estudantes por protestarem contra a PEC que reforma o ensino, dizendo, com ironia, que a maioria não sabia, sequer, o que era uma Proposta de Emenda Constitucional. Esse tipo de arrogância é desnecessário, sobretudo por não ajudar no relacionamento com as ruas. Ao contrário, ela foi a base para a sociedade apear Collor do poder, pois ele também achava que tudo podia por estar no cargo.

PUBLICIDADE
Sair da versão mobile