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O desequilíbrio climático mata

editorial
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O verão deu as caras no Hemisfério Norte com jeito de ser mais intenso do que no ano passado, com expectativa de novos recordes de temperatura e intensas ondas de calor que já afetam diferentes regiões do planeta, levantando preocupação entre os cientistas climáticos. E há sentido, uma vez que os termômetros já estão acima dos 40 graus. Na peregrinação a Meca, na Arábia Saudita, mais de mil pessoas morreram por causa do calor. A máxima passou dos 50 graus.

Na semana passada, o noticiário mostrou que cerca de 100 milhões de pessoas nos Estados Unidos estão sob alerta de risco elevado devido à onda de calor que já cobre o país e deve continuar pelos próximos dias. As camadas mais pobres são vítimas com maior potencial, por não terem meios de instalar climatizadores, ficando à mercê da própria sorte.

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Mas, se por um lado, tem meios de instalar ar-condicionado de grande potência em suas residências, uma parcela da classe alta americana enfrenta o risco das queimadas, especialmente no lado oeste do país. As residências de veraneio são cercadas por florestas, que, nesta época do ano, estão sob o risco de incêndios.

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A mesma situação se verifica na Europa. Os anos de 2003 e 2005 foram os mais trágicos para Portugal, por queimarem 425.839 hectares de florestas. Em 2016, antes mesmo da fase mais crítica, cerca de 100 mil acres já tinham sido consumidos. Pelo menos 120 pessoas morreram, sobretudo em comunidades que não investiram em prevenção.

Por outro lado, o Hemisfério Sul teve um início de inverno deformado. De Norte a Sul do Brasil, com exceção do Rio Grande do Sul, os termômetros estão acima dos 20 graus e, no Sudeste e Centro-Oeste, as máximas passam dos 30 graus.

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O excesso do Norte e falta no Sul são mais uma prova do desequilíbrio climático, que tende a aumentar com o decorrer dos anos. Tal cenário vai se agravar no período das chuvas, que tendem a ser mais intensas em determinadas regiões em contraposição à sua total ausência em outras. Se antes havia um equilíbrio, ele está fora de controle.

Mesmo diante de tantas evidências, a questão climática continua causando desconforto em parte do mundo por comprometer a pauta econômica. Trata-se de um deliberado equívoco, já que o descontrole do clima compromete vidas e as atividades econômicas. O Rio Grande do Sul, que ainda convive com chuvas, levará mais de um ano para reerguer sua economia sem falar dos prejuízos individuais da população. A perda, pois, é coletiva.

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Às vésperas de os municípios abrirem a campanha eleitoral para prefeituras e câmaras, a questão ambiental não pode ser relegada a segundo plano. Os gestores municipais – eleitos ou reeleitos – terão que se comprometer com pautas que hoje afligem à população, como cuidado com encostas, controle dos rios e projetos de conscientização coletiva. Houve um tempo em que a agenda passava por outros interesses. Esses até permanecem, mas o meio ambiente é o dado a ser discutido com profundidade.

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