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O dia seguinte

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A semana será pródiga em acontecimentos, muitos deles decisivos para o presidente Michel Temer. Sob fogo cruzado, ele diz textualmente que não renuncia e só sai se o tirarem do cargo, antecipando que irá tocar a agenda de reformas, por considerá-las o mais importante para o país. Tem razão em parte. De fato, as reformas são necessárias e não podem sair da agenda, mas o momento é inoportuno, pois a base do Governo é frágil e o presidente ainda não conseguiu se desvencilhar da suspeita de atos ilícitos. A gravação feita pelo empresário Joesley Batista pode ter lacunas – como apontam os primeiros dados periciais – mas não perde a sua essência: o chefe do Governo recebeu um empresário sob investigação policial, ouviu declarações de atos ilícitos e manteve-se em silêncio. Há material suficiente para discutir a sua permanência.

Mas ao presidente, como a qualquer cidadão, deve ser dado o direito de ampla defesa, inclusive de recorrer ao Supremo Tribunal Federal para impedir a abertura de inquérito contra os seus atos. Também lhe é facultado questionar o acordo de delação feito pelo empresário com a Procuradoria Geral da República, que fugiu dos padrões normais de temperatura e pressão. A outros envolvidos não foi facultada tanta regalia, como a permissão para viagem ao exterior e extinção prévia de pena. Tal atitude, aliás, também deve ser discutida, pois se deu um tratamento mais do que especial a um delator com notórios casos de ilícitos.

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A questão, agora, é, saber como irão se portar os partidos da base de sustentação. O PSDB, parceiro do Governo nas reformas, titubeia e teme pelo seu futuro se mantiver uma adesão a um presidente sob investigação. Mais do que isso, o partido tem um presidente afastado do cargo e do Senado por estar envolvido na mesma roda. Por isso, é pouco provável que segure Temer, optando pelo uso da Constituição, cuja previsão é de voto indireto. O ex-presidente Fernando Henrique já deu a senha.

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