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Política na tragédia

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Matéria em destaque no jornal “O Estado de S. Paulo” apresenta dados emblemáticos e assustadores. Desde 1988, o Brasil soma quase quatro mil mortes por deslizamentos. Nessa contabilidade não entram as quase 200 vítimas fatais em Petrópolis, em decorrência das chuvas da semana passada. Os dados do Instituto de Pesquisa Tecnológica apontam, ainda, que “mudanças na forma de usar o território e políticas ambientais são a chave para prevenir as tragédias. Essa receita é conhecida há décadas por especialistas e pelo Poder Público. Na prática, porém, ações concretas esbarram em custos elevados e, principalmente, na falta de vontade política de atacar o problema”.

A questão política se exacerba sobretudo em períodos eleitorais, e o que ora acontece em Petrópolis é revelador. O atual prefeito tem sido duramente atacado por antecessores e reage apontando falhas nas gestões passadas. Na edição de ontem, o matutino “O Globo” expõe o bate-boca entre as autoridades. “Na manhã de segunda-feira, o secretário estadual da Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Leandro Monteiro, reclamou que o prefeito da cidade imperial, Rubens Bomtempo (PSB), teria se negado a determinar o fechamento de seis pontos de acesso ao município.”

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Mais tarde, o prefeito rebateu dizendo que o que gerou tumulto teriam sido ações da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. O desentendimento expôs a rivalidade entre grupos da região.

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O governador Cláudio Castro já tinha entrado na discussão política. Na sexta-feira, ele usou suas redes sociais para contestar a ida à cidade do deputado federal Marcelo Freixo, seu provável rival nas eleições de outubro. Ele classificou o parlamentar de “maior oportunista que já conheceu” e o definiu como “uma espécie de Zé do Caixão”. Freixo rebateu: “Uma pena que, no momento em que a população tanto precisa, tenhamos um governador tão despreparado e desequilibrado”. O deputado é aliado do atual prefeito.

O Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT) destaca que o país já tem expertise no enfrentamento aos deslizamentos, mas a ausência de recursos, projetos e políticas de ocupação é vital para a solução esperada há décadas pela população. E há sentido na informação. A ocupação irregular de áreas de risco deve ser enfrentada com a construção de habitações populares em outras regiões, mas tais projetos esbarram não apenas na questão financeira, mas também na descontinuidade que permeia a transição entre governos.

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