As celebrações envolvendo o Dia Nacional da Pessoa Deficiência, que em Juiz de Fora envolveram diversos setores, especialmente a Câmara Municipal, por meio de sua comissão especial, devem servir de referência para uma discussão mais ampla sobre o tema, uma vez que nem todas as cidades se apresentam aptas a receber de forma adequada pessoas com necessidades especiais e que se defrontam com toda sorte de obstáculos no seu dia a dia. Os governos devem investir na acessibilidade.
Os vereadores que fazem parte da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência tiveram oportunidade de viver por alguns momentos a situação cotidiana destes personagens. A experiência deve ser motivadora para novas ações. Em Juiz de Fora , há passeios com piso tátil na área central para uso dos deficientes visuais, mas isto não é suficiente, quando há pela frente obstáculos estabelecidos pela própria população.
Na edição dessa quinta-feira, a Tribuna relata o caso de Reginaldo Oliveira, deficiente visual. Ele vive situações constrangedoras frequentemente. À repórter Mariana Floriano, ele contou um fato recente: “Um dia desses, fui me aproximando de um vendedor ambulante que colocou os produtos em uma mesinha no meio do passeio. Eu nem tinha encostado na mesa dele, e ele já veio colocando as mãos no meu peito, me agarrando e tirando de perto. Aí eu fiquei meio estressado com ele”. Há, pois, a necessidade de campanhas de conscientização coletiva sobre a importância da acessibilidade.
No entanto, a discussão não se esgota nas ações do serviço público. É fundamental a adoção de políticas também no setor privado, adequando os estabelecimentos com a instalação de banheiros adaptados, rampas, corrimãos e sinalização, sobretudo pelo fato de que cada pessoa com deficiência tem suas próprias necessidades.
Os investimentos devem ser constantes, a fim de atender a demanda que se manifesta por diversas causas. Os políticos – especialmente os vereadores, pois tudo acontece nas cidades – também devem atualizar a legislação, a fim de evitar defasagens que para esse público são um agravante.
Os manuais que tratam do tema são claros em apontar os casos mais recorrentes e que nem sempre são atendidos nas metrópoles. No caso dos deficientes visuais, por exemplo, a instalação de piso tátil é fundamental. Para os deficientes auditivos, a sinalização especial e a adoção de alertas sonoro devem ser ampliadas. As empresas deveriam, por sua vez, treinar seus colaboradores, com a linguagem em Libras, sobretudo o comércio, a fim de garantir ao usuário com dificuldades de fala e audição um atendimento mais eficiente.
Entre as políticas públicas, a cessão de cadeiras de rodas deve fazer parte do processo, pois, a despeito dos muitos investimentos, ainda há segmentos que não conseguem acesso. Como devem ser adequados de forma individual, seu processo de entrega também precisa ser de acordo com a pessoa com necessidade. Nos segmentos menos favorecidos ainda há demandas para muletas, andadores e bengalas que precisam de respaldo do Estado para superar os obstáculos do dia a dia.
A data deve ser referência, mas as discussões precisam fazer parte de uma agenda permanente, a fim de reduzir, também, a intolerância da própria sociedade que nem sempre compreende as dificuldades do outro.