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Responsabilidade coletiva

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O verão europeu tem ares de tragédia, com mais de mil mortos no continente em números que ainda precisam ser atualizados. Só na Espanha, 500 pessoas morreram na última quarta-feira, resultado de uma série de fatores, sobretudo incêndios na floresta, flagelo que também afeta Portugal e França. Na mesma data, o Corpo de Bombeiros de Londres registrou o maior número de chamadas desde a Segunda Guerra Mundial, quando a capital britânica era atacada diariamente pelos aviões alemães.

As mudanças climáticas são a explicação mais plausível para esse fenômeno, que, por outro lado, provoca chuvas intensas em determinadas regiões e seca ilimitada em outras, como se a natureza demonstrasse todo o seu descontentamento pelas ações e pelas inações humanas. O escritório Met Office estima que a probabilidade de haver calor extremo na Europa aumentou em dez vezes por causa das alterações no clima. A maioria dos cientistas que trabalha com clima afirma que a resposta para essa pergunta é o aquecimento global.

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De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), a matriz desse cenário são as emissões de gases de efeito estufa causadas pela queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás, que retêm o calor em nossa atmosfera. Eles contribuem para aumentar a concentração de dióxido de carbono para os níveis mais altos em dois milhões de anos, de acordo com o IPCC.

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A pergunta que todos fazem é se esses fenômenos vieram para ficar ou se são parte de um mundo novo graças – paradoxalmente – ao desenvolvimento. A resposta só virá com o tempo, mas, enquanto a conscientização coletiva não se tornar uma causa única, haverá espaço para pessimismo. Há exatos 30 anos, o Rio de Janeiro foi palco da maior conferência sobre o meio ambiente. A Eco-92 reuniu dirigentes de 102 países, ocasião em que a pauta passava pela importância de ações imediatas para evitar o efeito estufa. Quase nada mudou. Outros tratados, como o de Kioto, foram firmados, mas as emissões continuam em alta escala.

A Tribuna, neste mesmo espaço, já destacou, porém, que a questão ambiental não é uma pauta apenas da agenda política. Todos têm espaço para contribuição, pois as catástrofes tem origem em várias frentes. As inundações que levam a tragédias, como as de Petrópolis, no início do ano, passam, necessariamente, pelo descumprimento do que foi acertado após as enchentes. As famílias desalojadas continuam desassistidas e, por conta disso, voltam para as áreas de risco.

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São tragédias anunciadas que ocorrem por conta do descaso.

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