A situação do deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara, ora acuado por uma série de denúncias, lança um clima de incertezas tanto sobre o Governo quanto sobre a oposição. O primeiro, por não saber quais são as cartas que o parlamentar do PMDB ainda tem na manga e o que pode fazer com o poder do cargo que ocupa. Por enquanto, ele já sinalizou com a criação de mais três comissões de inquérito que tendem a mexer em vespeiros, como os fundos de pensão e o BNDES. A oposição não sabe se vale a pena comprar a sua causa, por conta das consequências. Cunha, no momento, é uma biruta de aeroporto, podendo, com suas ações, atingir lideranças de ambos os lados, embora, isolado, já coloque o pé no freio.
A bola está com a Justiça, disposta a colocá-lo no banco dos réus ante denúncias de ter cobrado propina da ordem de US$ 5 milhões. Ele nega e entrou com recursos no STF para tentar afastar o juiz Sérgio Moro de um dos processos da “Lava jato”, insistindo que o STF é o foro adequado para acompanhar a demanda. Por enquanto, só encontrou o silêncio da Corte.
O fator Cunha mobiliza as atenções, mas o que vai, de fato, definir os próximos movimentos nesse jogo de xadrez serão os eventos de agosto. A oposição, por meio das redes sociais, está mobilizando a população a voltar para as ruas, repetindo o que foi feito em 2013. Se for atendida, terá um claro sinal de tocar suas ações adiante. Caso contrário, tudo ficará do mesmo jeito, cabendo à Justiça, e não aos políticos, definir o futuro do país.