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Campanha nas ruas

editorial moderno
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O Brasil registra a trágica marca de 500 mil mortos pela Covid, com a possibilidade de se tornar o país com o maior número de casos no planeta, mas nem por isso algumas ações foram evitadas. Além das aglomerações – na Região Metropolitana de Fortaleza, a polícia fechou um bingo com três mil pessoas -, há resistência ao uso de máscara, a despeito de ser uma proteção para o usuário e para terceiros. Nos protestos do fim de semana, milhares de pessoas se aglomeraram pelas ruas das capitais, questionando o governo, que, por sua vez, por iniciativa do presidente, tinha também se aglomerado em uma motociata em São Paulo, uma semana antes.

Por trás de todos esses processos está a falta de empatia, palavra básica que ainda não alcançou todas as camadas, e os interesses que prevalecem sobre o interesse geral. Faltando mais de um ano para as eleições, os políticos já estão em plena campanha eleitoral, como se fosse essa a prioridade. Até mesmo ações em defesa da vida e no combate à pandemia têm como pano de fundo o pleito de 2022. Por conta da legislação, que não mudou, os prazos eleitorais também estão mobilizando os políticos.

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Campanhas com tamanha antecedência não são novidade no país. É comum, por exemplo, os detentores de cargos especialmente executivos (presidente, governadores e prefeitos) já pensarem na reeleição um dia após a posse no primeiro mandato, o que faz da gestão inaugural um projeto de campanha permanente. Em anos que antecedem os pleitos, as mobilizações se acentuam.

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Aos fatos. Em Minas Gerais, o governador Romeu Zema já antecipou que é candidato à reeleição e tem como mote a conclusão de projetos que ainda não conseguiu implementar no seu primeiro mandato. O foco passa pela privatização de ativos como a Cemig, Copasa e Codemig, todos em análise na Assembleia Legislativa na qual há forte resistência. Os deputados, também de olho nas urnas, já anteciparam que votarão contra a passagem de tais empresas para o setor privado. Ação e a reação têm nome: eleições 2022.

Se o governador pensa na reeleição, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, já admite ser o seu adversário, embora, ao seu estilo, venha dizendo que a prioridade é resolver as demandas da capital. Os dois pré-candidatos não serão os únicos. Outros atores vão entrar no jogo, replicando a estratégia nacional de se encontrar um nome que fuja dos extremos.

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Não fosse a pandemia, não haveria problemas em se antecipar o processo eleitoral, mas o momento é totalmente inadequado. A propagação do vírus continua sendo um dado real, bastando ver os números, e não há, por enquanto, sinais de arrefecimento. Ao contrário, Minas tem a maioria dos municípios na onda vermelha, e regiões, como Juiz de Fora, ora na faixa amarela, não apontam para redução dos cuidados. As faixas oscilam de acordo com a ocupação dos leitos, não dando margem para qualquer descuido.

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