Ícone do site Tribuna de Minas

Agora ou nunca

PUBLICIDADE

Depois de um começo claudicante, fruto de crises fora do Palácio – primeiro, com o filho Flávio e seu assessor Queiroz; depois, a briga do 02 com o ex-ministro Gustavo Bebianno -, o Governo Bolsonaro inaugura suas ações em grande estilo. O projeto da reforma da Previdência é eivado de ousadias e bem mais profundo do que se esperava, sobretudo por enfrentar demandas que há anos estão no debate, mas sem nunca terem entrado na agenda do Governo e do Congresso Nacional.

Mas isso foi apenas o começo. O jogo começa agora com a discussão chegando às ruas e reverberando no Parlamento. O Governo terá que, e rápido, articular uma sólida base tanto na Câmara quanto no Senado, pois, até agora, seus representantes têm sido tímidos e inexperientes nas discussões. Colocar como líder do Governo um parlamentar de primeiro mandato e sem traquejo para enfrentar as raposas do Legislativo foi um gesto temerário, que deve ser revisto diante da relevância dos temas que o presidente quer colocar em discussão.

É fundamental convencer os governadores da importância do projeto e dos reflexos que terão nos estados, sobretudo ao desonerá-los de mexer com seus militares e seu funcionalismo, que já estarão no pacote de Brasília. Ademais, é nos entes federados que se encontra boa parte do problema. A previdência dos estados e dos municípios está em xeque pelo drama de arrecadar cada vez menos enquanto a folha de pagamentos cresce em proporções geométricas.

PUBLICIDADE

O Governo tem que estar apto, também, para vencer a guerra da informação. Quando fez os primeiros ensaios sobre a Previdência, o ex-presidente Michel Temer errou ao não apresentar o projeto ao país, ficando refém das entidades sindicais e da oposição, que demonizaram sua proposta, a despeito de sua importância para os próprios trabalhadores. Bolsonaro tem que ficar atento a esse ponto, pois não se trata de um mero detalhe: a propaganda é a alma do negócio. Caso contrário, terá as ruas ocupadas e greves pelo país afora cobrando mais flexibilidade na sua proposição.

Negociar faz parte do jogo democrático, e, certamente, será necessário ceder em alguns pontos, mas é fundamental manter a essência do projeto, sobretudo pelas consequências ao se fazer uma reforma pela metade. O presidente tem que aproveitar seu namoro com a opinião pública e com a maioria dos eleitores, sob o risco de, em perdendo essa oportunidade, não encontrar outro momento para a reforma. E o país dela precisa.

Sair da versão mobile